Pe Tony Neves deixa uma reflexão sobre o Advento.

Os nossos dicionários dão origem a muitas confusões. Por exemplo, quando falam de espera e de esperança. A espera é um acto de paragem, no tempo e no espaço, na expectativa de alguém passar e nos tomar. Quantas vezes, durante a guerra civil de Angola, eu encontrei pessoas, cheias de embrulhos, sentadas nas bordas das estradas á espera que passasse um camião que aceitasse levar para um município do interior. E, muitas foram também as vezes, que, regressando ao fim da tarde, encontrei essas mesmas pessoas, já desesperadas, ainda sentadas no mesmo lugar, porque o camião não passou, ou se passou não levou. Esta espera conduz, muitas vezes, ao desespero. Na maioria das situações, esperar não resolve nada ou até agudiza os dramas que se estão a viver.

Mas a Esperança de que falam as Escrituras joga noutro campeonato. Fala-nos de promessas que vão ser cumpridas. Aponta-nos caminhos de salvação que todos podemos percorrer. Indica-nos projetos de felicidade que não custam muito a concretizar. Basta ter Fé, basta querer, basta comprometer-se.

O Natal vem aí, como já indicam as praças de Lisboa ou as luzes e cores das lojas comerciais. Sim, o advento dos negócios natalícios começa bem antes que o das Igrejas. A Esperança de que Cristo vai nascer no coração da Humanidade é uma certeza que Deus promete e vai cumprir. A bola está do nosso lado. Temos que abrir o coração para preparar o lugar ao Deus-Connosco, o Menino que se prepara para incarnar na história.

Os tempos que se vivem são de crise e, por isso, palavras como ‘Esperança’ cheiram a ousadia e a tábua de salvação. Não faz muito sentido querer só salvar o lado material da vida, pois este sem o espiritual fica com valor muito reduzido. É tempo de abrir de par em par as portas a Cristo para que Ele nasça e transforme os corações. E com Cristo, a história não terá lugar para crises que são sempre fruto do nosso egoísmo e do não reconhecimento dos outros como irmãos.

Se houver Advento a sério, a Esperança cumpre-se no Natal. Não nos podemos limitar a ficar á espera, temos que nos pôr a caminho de Belém. No presépio teremos o Menino para nos dar um abraço e, com ele, reganharmos o sentido da Vida e da Festa.


Tony Neves

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