D. Antonino Dias
Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família/
Bispo Portalegre-Castelo Branco

Celebramos a Jornada Mundial da Juventude. Foi criada pelo Papa São João Paulo II, em 1984. Francisco, para além do tema para este ano de 2017 «O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49), já apontou também o tema para os próximos dois anos, havendo, ainda, pelo meio, em outubro de 2018, o Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

Todos estes temas irão ser refletidos com os olhos postos na Jovem Maria de Nazaré. Quando lhe é feito o convite para ser Mãe de Jesus, “Maria é muito jovem; aquilo que Lhe foi anunciado é um dom imenso, mas inclui também desafios muito grandes; o Senhor garantiu-Lhe a sua presença e o seu apoio, mas há ainda muitas coisas obscuras na sua mente e no seu coração.

No entanto, Maria não Se fecha em casa, não Se deixa paralisar pelo medo ou o orgulho. Maria não é daquelas pessoas que, para estar bem, precisam dum bom sofá onde ficar cómodas e seguras. Não é uma jovem-sofá! “.

Um dos grandes dons acolhidos por Maria foi o dom da fé, um dom inestimável. O cântico de Maria é “o cântico duma jovem cheia de fé, consciente dos seus limites mas confiante na misericórdia divina”. Esse seu cântico “ajuda-nos a compreender a misericórdia do Senhor como motor da história, tanto a história pessoal de cada um de nós como a da humanidade inteira.”

Na verdade, quando “Deus toca o coração dum jovem, duma jovem, estes tornam-se capazes de ações verdadeiramente grandiosas”. A vida de cada jovem, tal como a de Maria que sabia viver o presente fazendo memória do passado, e na qual o Todo-poderoso fez maravilhas, é “uma peregrinação que, não obstante todas as suas incertezas e tribulações, pode encontrar em Deus a sua plenitude”. E comenta o Papa: “Dir-me-eis: «Mas, padre, eu sou muito limitado, sou pecador; que posso fazer?»

Quando o Senhor nos chama, não Se detém naquilo que somos ou no que fizemos. Pelo contrário, no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de desencadear. Como a jovem Maria, podeis fazer com que a vossa vida se torne instrumento para melhorar o mundo.

Jesus chama-vos a deixar a vossa marca na vida, uma marca que determine a história, a vossa história e a história de muitos”, sim, podereis fazer maravilhas “se reconhecerdes a ação misericordiosa e omnipotente de Deus na vossa vida”.

Desejando que haja uma grande sintonia entre o percurso para as Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá e o caminho sinodal, o Papa diz que, no Sínodo, “Interrogar-nos-emos sobre o modo como vós, jovens, viveis a experiência da fé no meio dos desafios do nosso tempo. E abordaremos também a questão das possibilidades que tendes de maturar um projeto de vida, discernindo a vossa vocação – entendida em toda a sua amplitude de destinação – ao matrimónio, no âmbito laical e profissional, ou então à vida consagrada e ao sacerdócio.” 

E a terminar a Mensagem que facilmente se pode encontrar na net e aconselho a ler na íntegra, Francisco diz: “Uma sociedade que valoriza apenas o presente, tende também a desvalorizar tudo aquilo que se herda do passado, como, por exemplo, as instituições do matrimónio, da vida consagrada, da missão sacerdotal. Estas acabam por ser vistas como sem sentido, como formas ultrapassadas. Pensa-se viver melhor em situações chamadas «abertas», comportando-se na vida como num reality show, sem propósito nem finalidade. Não vos deixeis enganar! Deus veio ampliar os horizontes da nossa vida, em todas as direções. Ele ajuda-nos a dar o devido valor ao passado, para melhor projetar um futuro de felicidade: mas isto só é possível, se se viverem experiências autênticas de amor, que se concretizam na descoberta da vocação do Senhor e na adesão a ela. E isto é a única coisa que nos torna verdadeiramente felizes”.

E insiste: “há necessidade de recuperar a capacidade de refletir sobre a própria vida e projetá-la para o futuro. Ter um passado não é o mesmo que ter uma história. Na nossa vida, podemos ter tantas recordações, mas delas… quantas constroem verdadeiramente a nossa memória? Quantas são significativas para os nossos corações e ajudam a dar um sentido à nossa existência? Os rostos dos jovens, nas «redes sociais», aparecem em muitas fotografias que contam acontecimentos mais ou menos reais, mas de tudo isso não sabemos quanto seja «história», experiência que possa ser narrada, dotada duma finalidade e dum sentido.

Os programas na TV estão cheios dos chamados «reality show», mas não são histórias reais; são apenas minutos que transcorrem diante duma telecámera, nos quais os personagens passam o dia, sem um projeto. Não vos deixeis transviar por esta falsa imagem da realidade! Sede protagonistas da vossa história, decidi o vosso futuro!”

D. Antonino Dias
Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família/Bispo Portalegre-Castelo Branco
(Publicado na rede social Facebook a 07-04-2017)

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