O Papa Francisco canonizou hoje Nunzio Sulprizio, jovem leigo italiano do século XVIII que faleceu aos 19 anos, e foi apresentado como modelo para o Sínodo dos Bispos 2018, que está a decorrer no Vaticano.

“Santo jovem, corajoso, humilde que soube encontrar Jesus no sofrimento, no silêncio e no dom de si mesmo”, disse esta manhã, na homília, sobre Nunzio Sulprizio cujos restos mortais estão na Paróquia de São Domingos Soriano, em Nápoles.

O milagre para a santificação foi a cura de um jovem de Taranto, no sul da Itália, gravemente ferido num acidente de moto, tendo ficado em coma e em estado vegetativo.

O Papa Leão XIII emitiu o decreto sobre a heroicidade das virtudes de Núncio Sulprizio propondo-o como modelo da juventude operária, a 7 de março de 1963, e o Papa João XXIII promulgou o decreto que aprovava os milagres para a beatificação que acabou por ser presidida por Paulo VI, a 1 de dezembro do mesmo ano.

O Papa Francisco canonizou hoje também o Papa Paulo VI (1897-1978), que encerrou o Concílio Vaticano II e foi o primeiro Papa a visitar o Santuário de Fátima (13 de maio de 1967), o arcebispo de El salvador D. Óscar Romero (1917-1980), os padres Francesco Spinelli (1853-1913) e Vincenzo Romano (1751-1831); as religiosas Maria Catarina Kasper (1820-1898) e Nazária Inácia de Santa Teresa de Jesus (1889-1943).

“Todos estes Santos, em diferentes contextos, traduziram na vida a Palavra de hoje: sem tibieza, nem cálculos, com o ardor de arriscar e deixar tudo. Irmãos e irmãs, que o Senhor nos ajude a imitar os seus exemplos”, realçou o Papa Francisco.

Biografia de Núncio Sulprizio (1817-1836)

Núncio Sulprizio nasceu a 13 de abril de 1817, em Pescosansonesco, na Província de Pescara. Após a morte dos pais, aos quatro anos, ficou com a avó materna, que também faleceu, e com nove anos foi como aprendiz para a oficina do tio Domenico Luciani, ferreiro e marceneiro.

Devido a um problema na tíbia do pé esquerdo foi hospitalizado em L’Aquila por três meses. Regressou durante seis anos à oficina e mudou-se em 1832 para Nápoles, a pedido de outro tio, Francesco Sulprizio e ali, devido ao interesse de um coronel, Felice Wochinger foi assistido inicialmente no hospital dos incuráveis e mais tarde no Marchio Angioino, transformado em quartel. Devido à extrema fraqueza morreu aos 19 anos, depois de se ter confessado, a 5 de maio de 1836. (Adaptado do site Vatican News)

HOMILIA Papa Francisco

[…] Queridos irmãos e irmãs, o nosso coração é como um íman: deixa-se atrair pelo amor, mas só se pode apegar a um lado e tem de escolher: amar a Deus ou as riquezas do mundo (cf. Mt 6, 24); viver para amar ou viver para si mesmo (cf. Mc 8, 35). Perguntemo-nos de que lado estamos nós… Perguntemo-nos a que ponto nos encontramos na nossa história de amor com Deus… Contentamo-nos com alguns preceitos ou seguimos Jesus como enamorados, prontos verdadeiramente a deixar tudo por Ele? Jesus pergunta a cada um e a todos nós como Igreja em caminho: somos uma Igreja que se limita a pregar bons preceitos ou uma Igreja-esposa, que pelo seu Senhor se lança no amor? Seguimo-Lo verdadeiramente ou voltamos aos passos do mundo, como aquele homem? Em suma, basta-nos Jesus ou procuramos as seguranças do mundo? Peçamos a graça de saber deixar por amor do Senhor: deixar riquezas, deixar sonhos de funções e poderes, deixar estruturas já inadequadas para o anúncio do Evangelho, os pesos que travam a missão, os laços que nos ligam ao mundo. Sem um salto em frente no amor, a nossa vida e a nossa Igreja adoecem de «autocomplacência egocêntrica» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 95): procura-se a alegria em qualquer prazer passageiro, fechamo-nos numa tagarelice estéril, acomodamo-nos na monotonia duma vida cristã sem ardor, onde um pouco de narcisismo cobre a tristeza de permanecermos inacabados.

Papa Francisco
Praça São Pedro, 14 de outubro de 2018
(Homilia completa site da Santa Sé)

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