‘Amoris Laetitia’ (A Alegria do Amor) é o tema da exortação apostólica pós-sinodal sobre a Família que o Papa Francisco publicou hoje.
São nove capítulos, em mais de 300 pontos, onde é apresentada a reflexão que recolhe as propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015), dos inquéritos enviados aos católicos de todo o mundo, com contributos de diversas Conferências episcopais de todo o mundo e citações de personalidades de relevo.
A Agência ECCLESIA publicou várias notícias sobre a exortação apostólica das quais fazemos um apanhado com o tema e frases associadas, que podem ser consultadas no seu síte num separador especial dedicado à ‘Amoris Laetitia’:
“A complexidade dos temas tratados mostrou-nos a necessidade de continuar a aprofundar, com liberdade, algumas questões doutrinais, morais, espirituais e pastorais.”
“Na Igreja, é necessária uma unidade de doutrina e práxis, mas isto não impede que existam maneiras diferentes de interpretar alguns aspetos da doutrina ou algumas consequências que decorrem dela.
Nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais. Além disso, em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais.”
Apostar na preparação para o Matrimónio: “A complexa realidade social e os desafios, que a família é chamada a enfrentar atualmente, exigem um maior empenhamento de toda a comunidade cristã na preparação dos noivos.”
Católicos divorciados que voltaram a casar civilmente: “Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e amadurecer como membros vivos da Igreja. Um pastor não pode sentir-se satisfeito apenas aplicando leis morais àqueles que vivem em situações ‘irregulares’, como se fossem pedras que se atiram contra a vida das pessoas. Temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição.”
“Não se devia esperar do Sínodo ou desta exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos.”
Denuncia as políticas e os sistemas económicos contrários às famílias, em particular as que vivem em situações de pobreza e exclusão: O atual sistema económico produz várias formas de exclusão social. As famílias sofrem de modo particular com os problemas relativos ao trabalho [desemprego juvenil, a precariedade e o excesso de horas de trabalho nos casais].”
“As famílias, que se alimentam da Eucaristia com a disposição adequada, reforçam o seu desejo de fraternidade, o seu sentido social e o seu compromisso para com os necessitados.”
Alerta para as consequências da eutanásia e do aborto na vida familiar: “A eutanásia e o suicídio assistido são graves ameaças para as famílias, em todo o mundo. A sua prática é legal em muitos Estados. A Igreja, ao mesmo tempo que se opõe firmemente a tais práticas, sente o dever de ajudar as famílias que cuidam dos seus membros idosos e doentes”
Condena todas as formas de “discriminação” e violência sobre as mulheres: “Apesar das melhorias notáveis registadas no reconhecimento dos direitos da mulher e na sua participação no espaço público, ainda há muito que avançar nalguns países […] Penso na grave mutilação genital da mulher nalgumas culturas, mas também na desigualdade de acesso a postos de trabalho dignos e aos lugares onde as decisões são tomadas
Valorização da “dimensão erótica” do amor conjugal na reflexão da Igreja: “Não podemos, de maneira alguma, entender a dimensão erótica do amor como um mal permitido ou como um peso tolerável para o bem da família, mas como dom de Deus que embeleza o encontro dos esposos.”
Rejeita que a educação sexual passe por “banalizar e empobrecer a sexualidade”: “No contexto duma educação para o amor, para a doação mútua; A educação sexual oferece informação, mas sem esquecer que as crianças e os jovens ainda não alcançaram plena maturidade. A informação deve chegar no momento apropriado e de forma adequada à fase que vivem.”
Apelou ao respeito pelos homossexuais e reforçou a oposição da Igreja à equiparação das uniões de pessoas do mesmo sexo ao casamento: “As uniões de facto ou entre pessoas do mesmo sexo não podem ser simplisticamente equiparadas ao matrimónio. Nenhuma união precária ou fechada à transmissão da vida garante o futuro da sociedade. Não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família.”
“O Matrimónio supera qualquer moda passageira e persiste.”
‘Amoris Laetitia’ (A Alegria do Amor), Papa Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal sobre a Família
(Fotografia de destaque e final: Catholic News Service)