Catarina António
Fundação Fé e Cooperação

A Fundação Fé e Cooperação (FEC) dinamiza a Rede do Voluntariado Missionário desde 2002 e em cada ano recolhe, e compila os dados de cada entidade associada (cerca de 61 entidades em 2015), gerando os dados que dão corpo à estatística que é depois divulgada e que em muito contribui para um maior conhecimento e uma consolidação desta área.

O Voluntariado Missionário distingue-se do Voluntariado Internacional para a Cooperação principalmente pela sua génese cristã-católica.

Em 1991 o Santo João Paulo II lançou o apelo “Portugal, convoco-te para a Missão” quando visitou o nosso país e hoje, o Papa Francisco apela a uma igreja cada dia mais missionária quando diz “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação”. Na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2015, o Papa Francisco apela em especial aos jovens para que sigam a opção missionária dizendo: “Dirijo-me de modo especial aos jovens, que ainda são capazes de testemunhos corajosos e atitudes generosas e por vezes contracorrentes: não deixem que lhes roubem o sonho de uma missão verdadeira, de doar-se ao seguimento a Jesus que requer o dom total de si”.

>Nas duas últimas décadas, Portugal correspondeu com 5713 respostas positivas no que respeita ao voluntariado missionário realizado nos países em desenvolvimento. Falamos de jovens e adultos que se dedicam principalmente a projetos nas áreas da agricultura, animação sociocultural, construção de infraestruturas, educação e formação, pastoral, saúde, dinamização comunitária, entre outras necessidades sentidas no decorrer dos projetos, com principal enfoque na educação, na formação, na saúde e no trabalho pastoral. Trabalham principalmente com crianças, jovens, mulheres e famílias. Os principais continentes a receber voluntários nos últimos anos são África, América do Sul e Ásia.

Quando questionados sobre as maiores marcas que os projetos, os países, e a vivência em missão dos voluntários, o que mais mudou na pessoa que partiu e a que regressa encontramos mudanças relativamente à aprendizagem de novas formas de ser/estar, maior sensibilização para a interculturalidade, desejo de continuação de apoio aos projetos a partir de Portugal, maior valorização dos recursos naturais e desejo de regressar ao país de missão para trabalhar numa empresa, ONGD ou associação.

É visível também, ao longo dos anos, um aumento do número de voluntários envolvidos em projetos em Portugal, trabalhando em áreas como a animação sociocultural e de trabalho pastoral, trabalhando com crianças e nos jovens e também com especial atenção à população mais idosa, às famílias e aos doentes. Um fator a ter em atenção é que na maior parte das vezes os voluntários trabalham em várias áreas ao mesmo tempo, atendendo a diversas populações-alvo, consoante os projetos em que estão envolvidos.

Tanto na missão adgentes como na missão em Portugal, os voluntários referem que se sentem mais envolvidos na sociedade, dando o seu tempo ao serviço do outro, respondendo ao apelo do Santo João Paulo II e colocando os seus valores cristãos em prática. Muito mais do que serviço, o voluntariado passa pela doação, pela entrega total de quem sabe que um gesto concreto pode mudar a vida do outro.

Catarina António
Fundação Fé e Cooperação

 

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