Arquidiocese de Braga

Estamos perto do início de um novo ano litúrgico, e isso significa que se aproxima o Advento, um tempo litúrgico de grande importância. Mas… Para que é que ele existe? Qual é o propósito do Advento?

O que é?

O Advento é o tempo litúrgico que decorre desde o início do novo ano litúrgico até ao Natal – mais precisamente, começa nas vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro (festa de Santo André Apóstolo) e vai até às vésperas do Natal, no dia 24 de Dezembro.

Etimologicamente, a palavra vem do latim adventus, que significa acontecimento, chegada solene ou vinda. No Cristianismo, o Advento prepara espiritualmente o Natal. Como diz o Pe. Domingos da Silva Araújo no seu livro “Viver o Natal”, o Advento é um tempo de esperança, “marcado pela recordação do nascimento de Jesus e pela expectativa da Sua vinda gloriosa no fim dos tempos”.

Imprimindo fortemente o sentimento de espera, a liturgia suprime durante o Advento uma série de elementos festivos. Desta forma, na Missa, não é rezado o Glória, as vestes são de cor roxa, as decorações das igrejas são mais sóbrias, menos festivas, entre outras. Tudo isso é uma maneira de expressar, de forma tangível, que, durante a nossa caminhada, falta algo para que ela esteja completa – algo porque nós esperamos.

 

A origem e história do Advento

Não se sabe com exactidão quando é que o período de preparação para o Natal que agora se chama Advento começou – mesmo sabendo-se que já existia no ano de 480, os estudiosos concordam que é impossível afirmar com confiança uma explicação credível para a origem deste tempo.

De acordo com São Gregório de Tours, a celebração do Advento começou no século V quando São Perpétuo, na altura bispo de Tours, ordenou que, começando no Dia de São Martinho (11 de Novembro) e até ao Natal, os cristãos deveriam jejuar três vezes por semana.

Essa prática espalhou-se por toda a França no final do século VI, sendo que alguns cristãos excediam os três dias e jejuavam todos os dias do Advento. As homilias do Papa Gregório I, também no final do século VI, mencionam apenas quatro semanas de Advento, mas sem jejum. No entanto, escritos do tempo de Carlos Magno – imperador do Sacro Império Romano no século IX – afirmam que a prática do jejum no Advento era bastante alargada. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passando a ser celebrado durante 5 domingos.

Com o Papa Urbano V, em 1362, a corte papal era forçada à abstinência, mas não ao jejum. A liturgia do Advento foi-se mantendo inalterada até ao Concílio Vaticano II, em 1963, introduzir alterações menores, principalmente com a intenção de diferenciar o espírito do Advento do espírito da Quaresma, dando ênfase ao Advento como uma época de esperança para a vinda de Cristo.

 

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O que se celebra?

No Advento, a Igreja celebra não só o nascimento do Filho de Deus em Belém como a presença de Cristo no meio de nós – sobretudo através dos sacramentos mas também através da Palavra, entre outras coisas –, e projecta os cristãos para “a vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos”.

Assim, podemos falar em duas partes do Advento. Numa primeira parte, do primeiro Domingo ao dia 16 de Dezembro, o Advento tem um carácter escatológico, focando-se na vinda do Senhor no fim dos tempos; na segunda, os dias estão focados mais explicitamente na preparação para o nascimento de Jesus – a primeira vinda de Cristo.

Na primeira parte, que se estende desde o primeiro Domingo do Advento até o dia 16 de Dezembro, o aspecto escatológico surge com maior relevo, focando-se na vinda do Senhor no fim dos tempos. As leituras da Missa convidam a viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: a Sua vinda no fim dos tempos, a Sua vinda agora, a cada dia, e a Sua vinda há dois mil anos.

A segunda parte, de 17 a 24 de Dezembro, inclusive, está mais directamente orientada à preparação do Natal. Somos convidados a viver com mais alegria, porque estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera: os evangelhos destes dias preparam-nos directamente para o nascimento de Jesus – a primeira vinda de Cristo.

 

Imagem Igreja Açores

Os Domingos

No rito romano da Igreja Católica, os Domingos do Advento têm temas distintos. O primeiro Domingo sublinha a última vinda do Senhor e marca a espera pela segunda vinda de Jesus. No segundo Domingo, João Baptista manda preparar os caminhos do Senhor. O terceiro Domingo – Domingo da Alegria – manifesta Cristo “já presente”. No quarto Domingo é colocada em relevo a figura de Maria, assim como os eventos que levaram ao nascimento de Jesus.

 

 

E a coroa de Advento?

Existem vários símbolos do Advento que nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a viver melhor este tempo, mas talvez nenhum deles seja mais reconhecível do que a coroa de Advento, com origem numa tradição pagã europeia. No Inverno, acendiam-se algumas velas que representavam ao “fogo do deus sol”, na esperança de que a sua luz e o seu calor voltassem. Os primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar as pessoas, partindo dos seus próprios costumes para ensinar a fé.

Assim, a coroa está formada por uma grande quantidade de símbolos:

A forma circular: O círculo não tem princípio nem fim, sinalizando assim o amor de Deus que é eterno, sem princípio e sem fim, e também o nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma ideia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “aliança”.

As ramas verdes: O verde é a cor da esperança e da vida. Simbolizam a vontade de Deus que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final da nossa vida. Usam-se ramos de pinheiros porque estes permanecem verdes apesar do Inverno, assim como os cristãos devem manter a fé e a esperança apesar das tribulações da vida.

As quatro velas: As quatro velas da coroa simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento. No início, vemos uma coroa sem luz e sem brilho, recordando a experiencia de escuridão do pecado. À medida que se vai aproximando o Natal vamos, ao passo dos Domingos do Advento, acendendo uma a uma as quatro velas, representando assim a chegada de Jesus, luz do mundo, que dissipa toda a escuridão, trazendo aos nossos corações a tão esperada reconciliação.

Informação Arquidiocese de Braga

 

Foto Cáritas Portuguesa – Campanha «10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz» 2019

 

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