AVESSADAS – Quatro modos de regar um jardim, que pode ser o da alma
Há um cartaz no claustro de Santa Teresa a explicar que pode haver quatro modos de regar um jardim: a água do poço, o alcatruz, um ribeiro ou a chuva. Retirar água do poço implica muito esforço pessoal e dá frutos pouco abundantes. Com um alcatruz consegue-se mais água com menos esforço. Trazer água de um ribeiro requer menos trabalho ainda e faz com que seja preciso regar menos vezes, pois a água empapa a terra. Assim a alma como o jardim. Assim a oração como uma rega: o primeiro grau da oração implica muito esforço e cada pessoa torna-se serva do amor; no segundo grau de oração, a pessoa fica tocada pelo amor; no terceiro, fica-se apanhado pelo amor e já se tem menos trabalho. O quarto grau de oração é como quando chove: no jardim da oração, é Deus quem rega. Vive-se a unidade do amor e a abundância de água permite que tudo fique incomparavelmente mais vivo e dê mais fruto.
No convento de Avessadas (Marco de Canaveses), dos Padres Carmelitas, um cartaz sobre Santa Teresa de Ávila explica deste modo os diferentes modos de rezar, a partir dos escritos da reformadora do Carmelo, no Livro da Vida. A família carmelita assinala em 2015 o quinto centenário do nascimento de Teresa de Ávila.
Muita gente passa pelas exposições quando vem à igreja, explica o padre Alpoim Portugal, um dos cinco que habitam neste centro de espiritualidade e trabalham na quinta, no pomar, na editorial e na casa. Além deles, há quatro noviços e um estudante professo, que também aprendem música e apoiam, sempre que necessário, as atividades da quinta e da casa. Avessadas é, na realidade, um quatro-em-um: convento, centro de espiritualidade e oração, sede das Edições Carmelo e santuário do Menino Jesus de Praga, uma imagem com forte carga de atração e devoção popular. É esta pequena escultura que preside à oração dos padres e estudantes, na capela do santuário.
«A terra produziu os seus frutos, todos os povos louvem a Deus», cantam depois os cinco, no Salmo 66. Bate certa, a coincidência: no convento, cultiva-se a vinha, a horta (batatas, feijão, tomate, couve, nabiças), o pomar (morangos, peras e maçãs, entre vários frutos)… O vinho é para venda (em 2013, foram perto de 14 mil litros), mas o resto destina-se apenas a consumo na casa.
O hóspede arrisca-se, por isso, nas refeições, a provar os sabores da terra, tão difíceis de encontrar hoje nos produtos embalados e encerados de supermercados. A sopa do jantar traz os legumes da quinta, o vinho verde vem dali, tal como o feijão e o bife de frango — há também pecuária e aviário. Ao pequeno- almoço, há fruta do pomar, marmelada caseira, além do leite e café, queijo, manteiga e compotas embaladas.
Na mata, oásis mais profundo deste centro, encontramos vários lugares com pequenos símbolos para meditar ou rezar: árvores, bancos de pedra, recantos de tentador repouso ou um repuxo a fazer de água da chuva são símbolos usados a partir dos textos de Teresa d’Ávila.
A água que abastece a casa vem de uma nascente também situada na mata. Um antigo palheiro foi transformado num pequeno eremitério, permitindo a quem queira passar ali um dia ou um mês. Os frades garantem o colchão para dormir e a comida.
Na oração de vésperas, reza o Salmo 104: «Das tuas altas moradas regas as montanhas;/ com a bênção da chuva sacias a terra./ Fazes germinar a erva para o gado/ e as plantas úteis para o homem,/ para que da terra possa tirar o seu alimento:/ o vinho, que alegra o coração do homem,/ o azeite, que lhe faz brilhar o rosto,/ e o pão, que lhe robustece as forças.» Assim é Avessadas com as suas bênçãos.
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