Pastoral juvenil e universitária na Europa refletem realidade e preparam ‘Simpósio 2017’
“Estar presente, ouvir, apoiar e acompanhar” são as principais atitudes que um agente de pastoral juvenil deve desenvolver e que foram identificadas pelos responsáveis da Pastoral Juvenil e Universitária das Conferências Episcopais Europeias (CEE) em resposta às perguntas dos oradores – 4 jovens estudantes universitários da Hungria, Roménia, Itália e Suécia –, que foram os protagonistas do Encontro de Bispos e Delegados nacionais para a Pastoral Juvenil e Universitária das CEE que teve lugar entre os dias 27 e 29 de abril em Szeged na Hungria.
Quando foi solicitado aos jovens estudantes universitários, palestrantes em Szeged, que abrissem o coração e falassem sobre as suas dúvidas, problemas e expectativas, eles expuseram saudáveis inquietações que tipicamente atravessam o desenvolvimento dos seus pares, durante a delicada transição nas suas vidas entre o abandono da adolescência e o assumir com as suas próprias mãos a responsabilidade pelos seus futuros e vidas.
A solidão parece ser um dos maiores medos dos jovens, na sua tentativa de atribuir sentido às suas vidas, ao seu papel e lugar numa “sociedade que os adotou” e ainda no seu desejo de amar e ser amado
Se acontece ficarem sozinhos no enfrentar das suas maiores preocupações – o que inclui questões pragmáticas (o que será o meu futuro daqui a 6 meses; como posso encontrar um/a companheiro/a para a vida; quem são os meus verdadeiros amigos; o que é que Deus significa para mim; como devo usar o meu tempo; quais devem ser as prioridades na minha vida; o que me motiva a cumprir com as obrigações; estarei realmente à altura da experiência de fé que me está a ser oferecida…) – estas mesmas preocupações facilmente se transformam em profunda angústia, nas mais diferentes formas de ansiedade e até mesmo em depressões profundas.
Daqui surge a urgência, para todos os agentes da pastoral juvenil, em aprenderem primeiramente a ser amigos que apoiam, especialmente nas dificuldades dos tempos incertos: pessoas capazes mais de escutar do que de julgar, pessoas capazes de reconhecer e valorizar as qualidades dos jovens e, sobretudo, capazes de acompanhá-los e fortalecê-los no seu caminho em direção à maturidade.
Por outro lado, as diferentes experiências dos participantes revelaram uma realidade rica e ativa, onde os jovens estão ansiosos por disponibilizar o seu tempo e partilhar as suas competências e recursos.
As múltiplas experiências trazidas de toda a Europa – em particular, ao nível da proclamação da fé, do trabalho caritativo e da luta contra as injustiças sociais, em alguns casos juntamente com outras igrejas cristãs e outras religiões – efetivamente revelam que os jovens estão deveras inspirados, que são capazes de fazer coisas maravilhosas, saindo de si próprios, para procurar atingir a essência da sua fé.
De facto, os jovens não estão pouco disponíveis para um encontro, uma relação com a Igreja: eles esperam essa relação e estão desejosos de estabelecer relações verdadeiras e profundas com os seus pares, com os seus párocos e com Jesus Cristo. Aparentemente, o que mais receiam é ser julgados. Para eles, a opinião de outras pessoas é muito importante e pode tornar-se numa autêntica responsabilidade, em particular quando os jovens têm pouca autoestima. Na verdade, as suas vidas estão cheias de instituições e relações que implicam sempre algum tipo de julgamento (a sua reputação nas redes sociais, a avaliação da sua família e amigos, os exames universitários…) e, assim, eles não aceitam que também a Igreja os julgue. Eles anseiam por ser acolhidos pela Igreja, que os aceitem como são, com as suas inquietações e dúvidas, que não lhes digam o que devem fazer ou quem devem ser, mas que tenham a capacidade de os acompanhar na sua procura de respostas e, por vezes, a saber colocar as perguntas certas. Na prática, desejam uma Igreja que não tenha medo de os provocar com propostas, mesmo desafiadoras.
Atualmente, em particular com a questão da falta de emprego – juntamente com o fraco desempenho escolar – a sua insegurança é agravada assim com a sua capacidade de gerir o seu próprio futuro e a sua falta de confiança. Infelizmente, na Europa, o número de jovens sem educação, formação e emprego cresce a um ritmo alarmante. Acresce que o impacto direto desta situação nas nossas sociedades e economias é trágico ao nível pessoal. “Muitos problemas que estes tipos de jovens têm – diziam os jovens oradores em Szeged – não são visíveis, ocultando-se atrás de pequenas certezas que frequentemente se transformam em problemas aditivos”.
Durante o encontro – no qual Monsenhor Ferenc Palánki participou como bispo responsável pela Pastoral Juvenil na Hungria, juntamente com outros capelães universitários locais – o Padre Levente Serfőző descreveu a situação da Pastoral Juvenil e Universitária na Hungria. Com mais de 50% da população de católicos, apesar das muitas perseguições que a Igreja sofreu no último século, atualmente a Pastoral Juvenil e Universitária parece estar bem organizada e coordenada, com vários encontros e projetos – o que também inclui uma dimensão ecuménica e de pré-evangelização – com um foco particular no trabalho voluntário ao nível social, caritativo e ambiental.
Relativamente à Pastoral Universitária, além das 15 capelanias existentes na Hungria, foi recuperada a importância dos colégios universitários. Uma menção especial deve ser feita quanto à atenção específica que é dedicada à população cigana, com programas direcionados e iniciativas destinadas ao acompanhamento de jovens ciganos.
Por último, parte dos trabalhos foi dedicada a discutir o documento de trabalho para o próximo Simpósio de acompanhamento dos jovens na sua caminhada de fé, que terá lugar em Barcelona em março de 2017.
O Padre Michel Remery, Vice-secretário Geral da Pastoral Juvenil e Universitária das CEE e o Padre Leon Ó’Giolláin, secretário da seção “universitária” da Comissão “Catequese, Escola e Universidade” da Pastoral Juvenil e Universitária das CEE – presidida por Monsenhor Marek Jędraszewski – moderaram a discussão. Outros participantes de relevo foram Monsenhor László Kiss-Rigó, Bispo de Szeged e, na sessão de abertura, o Reitor da Universidade Gál Ferenc Főiskola, Dr. Kozma Gábor e o Reitor da Universidade de Szeged, Dr. Szabó Gábor. No início do encontro, foram ainda lidas mensagens do Ministro Húngaro dos Recursos Humanos, Dr. Zoltán Balog, e do Cardeal Giuseppe Versaldi, Perfeito da Congregação para a Educação Católica.
Comunicado final (do original) do encontro de Bispos e Delegados
para a Pastoral Juvenil e Universitária das Conferências Episcopais Europeias,
30 abril, Szeged, Hungria.
A reunião anual dos bispos e delegados nacionais da pastoral universitária que integra a pastoral juvenil realiza-se no contexto da preparação do ‘Symposium 2017’, onde vão ser debatidos “os desafios que estes setores representam atualmente para a Igreja Católica”, em abril de 2017, em Barcelona.
Portugal esteve representado por D. Joaquim Mendes, vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família, pelo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, o padre Eduardo Novo, e pelo coordenador do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior, o padre Eduardo Duque.