O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, realizou o encontro nacional “Todos vão ouvir a nossa voz!”,  26 jovens  dialogaram sobre o presente e o futuro da Igreja, trazendo propostas concretas para os desafios que enfrentam.

Durante o encontro, os jovens participaram em quatro mesas temáticas — Espaço Digital, Espaços Físicos, Sonhos e Visões e Espaço dos Jovens na Igreja — e apresentaram contributos valiosos que mostram vontade de compromisso e desejo de transformação.

Partilhamos as conclusões deste encontro:

Espaço Digital: Comunicação com os Jovens

  • Comunicação simples, próxima e cativante: A Igreja deve apostar numa linguagem informal, com humor, memes e conteúdos criativos adaptados ao universo jovem.
  • Plataforma nacional e redes sociais: Criar uma plataforma digital centralizada com informações úteis (grupos, oração, missas, confissões, etc.) e apostar em redes sociais geridas por jovens e para jovens.
  • Evangelizar com rosto jovem: Produzir conteúdos (podcasts, YouTube, influencers católicos) que dialoguem com o mundo atual, sem esquecer o equilíbrio entre o digital e o presencial.

Espaços Físicos: Lugares de Encontro

  • Espaços acolhedores e modernos: Criar ou renovar espaços físicos adaptados às realidades juvenis, com propostas de convívio, estudo, oração, arte e lazer.
  • Acessibilidade e equidade: É essencial garantir acesso equitativo a espaços juvenis, combatendo a assimetria entre dioceses e baixando os custos de utilização.
  • Protagonismo juvenil: Os jovens devem estar envolvidos na criação, gestão e renovação dos seus espaços, sentindo pertença e identidade.

Sonhos e Visões: O Futuro da Igreja

  • Igreja acolhedora e sinodal: Os jovens sonham com uma Igreja menos doutrinal e mais pastoral, que caminhe com eles, sem julgamentos, com diálogo, afeto e inclusão.
  • Formação e protagonismo: É preciso investir na formação dos jovens e abrir espaço para que sejam agentes ativos e corresponsáveis no caminho da Igreja.
  • Igreja com respostas reais: Querem uma Igreja que responda às suas dúvidas (fé e ciência, mundo atual), com propostas claras para jovens trabalhadores e universitários.

 Espaço dos Jovens na Igreja

  • Do “tarefeiro” ao protagonista: Os jovens querem ser mais do que executantes – querem pensar, decidir e construir a Igreja com os outros, como parte integrante do corpo eclesial.
  • Modelo de comunhão intergeracional: Pedem grupos de trabalho mistos (jovens, adultos, idosos), para partilhar experiências e criar comunidade verdadeira.
  • Caminho de três pilares: Escuta, segurança e comunidade – só assim se constrói um verdadeiro caminho sinodal com os jovens no centro da missão.

Pedro Carvalho, diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, afirma com entusiamo: “Saímos de Braga com a esperança renovada. Este encontro não foi apenas para escutar, foi para iniciar um caminho. Os jovens falaram com verdade e paixão. Estes jovens têm voz, visão e vontade de transformar a Igreja com alegria e coragem. É impossível não nos sentirmos contagiados com esta força. Vamos transformar esta escuta em caminho. Este é o tempo de caminhar juntos, lado a lado, como geração que constrói.”

TESTEMUNHOS NA PRIMEIRA PESSOA

Jacinta Meira, Viana do Castelo

Este encontro revelou-se uma oportunidade profundamente enriquecedora de escuta e partilha entre vários jovens comprometidos com o futuro da Igreja. Foi um verdadeiro espaço de sinodalidade, onde as reflexões deram lugar à esperança, mas também à responsabilidade de propor caminhos concretos para o futuro.

Foi interessante perceber a sintonia entre todos nós, jovens, quanto aos desafios que enfrentamos e às soluções a adoptar. As propostas apresentadas são exequíveis e reflectem maturidade e uma vontade genuína de construir uma Igreja mais próxima e verdadeiramente presente na vida dos jovens.

O meu sonho é o de uma Igreja de mãos dadas com todos: pessoas de todas as idades, contextos, movimentos e comunidades, unidas num só Corpo e num só Espírito. Se tivesse de destacar uma frase, seria: “Deixem-nos tentar. Podemos errar, mas vamos aprender. Não temos medo de pôr mãos à obra!”

 Rita Prazeres, Leiria-Fátima

O encontro “Todos vão ouvir a nossa voz” fez-me acreditar, de novo, que há futuro. Ver tantos jovens a dar vida à fé, com coragem e verdade, foi emocionante. Mostrou que a Igreja precisa de se abrir, confiar mais em nós, deixar-nos errar, aprender e assumir responsabilidades. Porque também somos Igreja — inteira, presente e atuante.

Sentiu-se uma energia bonita, leve e ao mesmo tempo forte. Houve escuta, partilha sincera e uma vontade comum de fazer diferente. Foi um espaço onde a nossa voz, finalmente, ecoou.

Agora espero que tudo o que vivemos ali não se perca. Que seja só o começo de algo maior, com impacto real e duradouro.

Gabriel Santiago, Aveiro

Participar neste encontro em Braga fez me sentir que a minha voz, e a de outros jovens de diferentes dioceses de Portugal, era verdadeiramente escutada. Não como quem ouve por cortesia, mas como quem quer mesmo entender o que vai cá dentro.

Estar rodeado de outros jovens com as mesmas inquietações, dúvidas e sonhos para a Igreja fez-me sentir em casa. Houve momentos de partilhas intensas que me faz sair de Braga com quatro certezas claras. A primeira: os jovens querem ser ouvidos com seriedade e não apenas chamados para “ajudar”. A segunda: a Igreja precisa de confiar responsabilidades reais aos jovens, dar-lhes espaço para decidir, errar e crescer. A terceira ideia foi perceber que a comunicação tem de mudar, ser mais próxima e acessível. E, por fim, que precisamos de lugares de pertença, onde possamos estar, ser e partilhar a fé sem medo ou pressão.

Sei que não estou sozinho nesta vontade de uma Igreja mais próxima, mais humana. Uma Igreja que confia, que arrisca connosco, que caminha em vez de mandar andar.

Só assim, teremos uma Igreja que se quer de “TODOS! TODOS! TODOS!”

Erlando Firmino, Lamego

Durante a manhã, tivemos a oportunidade de nos encontrar com jovens de todo o país para partilhar ideias e refletir sobre temas que nos dizem respeito a todos. O encontro começou com uma breve apresentação individual, onde cada um disse o seu nome, de onde vinha e partilhou alguma curiosidade pessoal.

De seguida, fomos divididos por grupos e desafiados a discutir o papel da Igreja na vida dos jovens. Falámos sobre o que ela representa para nós e o que pode ser feito para atrair mais juventude para dentro dela. A troca de ideias foi muito rica e inspiradora.

No final, percebemos que, apesar das distâncias, as ideias e desafios são muito semelhantes em todo o país. Ficou claro que há um verdadeiro empenho em continuar a trabalhar para o bem da Igreja. Todos saímos contentes com as atividades desenvolvidas e com a união sentida ao longo do dia.

Lisboa, 30 de maio de 2025

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