Quando nos deixamos interpelar, o Seu chamamento mexe com o mais profundo do nosso âmago e ao qual é difícil ficar indiferente, por isso enche-nos de alegria e de temor, por tamanha responsabilidade que Deus confia e que só Ele nos pode fazer dignos para exercer este ministério. Este Deus que veio ao meu encontro e me concede a radical liberdade, mas que me deixa profundamente enraizado no Seu Amor, que exige um desprendimento de tudo o que são os meus projectos, para possuir um coração disponível para abraçar o projecto que o Senhor tem para mim. É importante aquela liberdade e fidelidade que João Baptista nos ensina: «É necessário que Ele cresça e que eu diminua.» (Jo 3, 30). Pois é na medida em que Cristo me habita e me toma, que me torno “mais” padre e me dignifica a ser «alter Christi», um outro Cristo, enquanto servo ao serviço do Seu povo.
Também no tempo de Natal que celebramos somos chamados a abertura do nosso coração, para acolher este mistério do Verbo de Deus que se fez menino, somos convidados a prepara o caminho para o acolhimento Daquele que é Caminho Verdade e Vida.
É como peregrino que me vejo nesta nova etapa da minha vocação, pois só caminhando para Cristo e com Cristo posso ser sua presença viva, como sinal da esperança, da caridade e do amor da Sua Boa Nova no mundo. Este Caminho que por vezes se apresenta adverso e tortuoso, sujeito às tribulações do mundo, mas sempre com a confiança e certeza de que não caminho só, tal como nos ensina o profeta Jeremias: «Buscar-me-eis e haveis de encontrar, se me buscardes de todo o coração» (Jer 29, 13). Olhando para Nossa Senhora e para São José aprendo continuamente a acolher o Deus menino com fé e com certeza de que o Senhor caminha sempre comigo e olha por mim, pois tal como diz o padre Ermes Ronchi «…, não te evita o deserto mas é força dentro do deserto, não protege da noite, mas na noite».