D. Joaquim Mendes, SDB
Bispo Auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família
Fátima, 06 de janeiro de 2018

  1. Saúdo o Padre Santiago Dominguez Fernandez, salesiano de Dom Bosco, e agradeço a sua disponibilidade para estar connosco e orientar estas jornadas nacionais da pastoral juvenil que acontecem num momento particular e muito feliz da vida da Igreja: a preparação para o Sínodo “Os Jovens, a fé e o discernimento Vocacional”, que terá lugar no próximo mês de outubro.
  2. Entretanto, de 19 a 25 de março próximo, haverá uma reunião pré-sinodal, com representantes de jovens de todo o mundo, porque se trata de um sínodo «com os jovens» e não «para» os jovens, como tem sublinhado o Papa Francisco, de, como Igreja, nos interrogarmos sobre o modo de acompanhar os jovens, para os levar a reconhecer e a acolher a chamada ao amor e à vida em plenitude; pedir ao jovens que ajudem a Igreja a identificar as modalidades hoje mais eficazes para anunciar o Evangelho; ouvir a voz do Senhor através deles e discernir caminhos a percorrer através das suas aspirações.

Para isso é preciso caminharmos com eles, como fez Jesus, com os discípulos de Emaús: pôr-se a caminho com eles, acompanhar.

É sobre este tema que nos vamos concentrar nestas jornadas: como acompanhar, como caminhar com os jovens, como os conduzir ao encontro com Jesus Cristo, porque esta a finalidade de toda a pastoral juvenil. O Padre Santiago certamente que nos vai abrir alguns horizontes.

  1. Depois considerar neste acompanhamento também a família.

Vivemos num momento eclesial muito belo de encontro entre duas perspetivas, a da família e a dos jovens.

Estamos diante de uma feliz coincidência entre dois grandes momentos sinodais da Igreja universal: o «duplo sínodo» sobre a Família – o extraordinário, em outubro de 2014, e o ordinário, em outubro de 2015 que culminou com a Exortação pós-sinodal Amoris laetitia, e o Sínodo sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, que se realizará no próximo mês de outubro.

Isto diz-nos com clareza que a família e a pastoral juvenil está no coração e nas preocupações da Igreja, e, também tem de estar nas nossas.

Estas jornadas vão ajudar-nos a pensar a pastoral juvenil em estreita ligação com a pastoral familiar, porque, como escreveu o Papa Francisco na sua primeira carta encíclica “Lumen Fidei” – A “Luz da Fé”, de 29 de junho de 2013, (n.53): “Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor dos pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento na fé”.

  1. A Pastoral Juvenil tem de ter em devida conta o contexto e o ambiente concreto em que os jovens vivem, e a família é parte integrante e fundamental desse contexto e desse ambiente.

Os jovens estão profundamente marcados pela experiência familiar, positiva, ou negativamente, como sabemos.

Além disso, a Pastoral Juvenil é chamada a contribuir para formar jovens fortes na fé, solidários, capazes de amar e de constituir famílias sólidas, fiéis e felizes.

O próprio ambiente da Pastoral Juvenil deve estar impregnado do espirito de família, que é o clima adequado para a educação e a evangelização.

A própria Igreja, segundo a AL (n.87), é “família de famílias”, há uma “reciprocidade entre a família e a Igreja: a Igreja é um bem para a família, a família é um bem para a Igreja”.

A Igreja é “família de famílias” e deve ser também “família para os que não tem família”.

Conhecemos a sensação de orfandade de muitos jovens, órfãos de pais vivos, que esperam encontrar uma Igreja «casa», «família», «comunidade», três palavras que ocorrem na resposta ao questionário quando se lhes pergunta como gostariam que a Igreja fosse.

O compromisso a favor dos jovens deve traduzir-se num igual compromisso pelo envolvimento e formação das famílias, para que sejam verdadeiras «igrejas domésticas» e das comunidades cristãs, para que se deixem impregnar do espírito de família e sejam “família de famílias”, onde os jovens se sentem acolhidos, amados, acompanhados.

Que estas jornadas nos estimulem a prosseguir o nosso serviço aos jovens, acompanhando-os e envolvendo-os na caminhada sinodal, e nos leva a integrar a família  como sujeito fundamental neste acompanhamento.

Ϯ Joaquim Mendes, SDB
Bispo Auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família

Fátima, 06 de janeiro de 2018

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