A nova encíclica do Papa Francisco «Fratelli Tutti», sobre a fraternidade e a amizade social, foi publicada hoje e oferecida a peregrinos e turistas na oração do ângelus, na Praça de São Pedro. E foi anunciado um fórum internacional inter-religioso de estudo com 100 jovens.

“Os sinais dos tempos mostram claramente que a fraternidade humana e o cuidado com a criação constituem o único caminho para o desenvolvimento integral e a paz, já indicados pelos Santos Papas João XXIII, Paulo VI e João Paulo II”, disse hoje o Papa Francisco no Vaticano, após a oração do ângelus.

A nova encíclica – «Fratelli Tutti» – que foi divulgado hoje, quando a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de São Francisco de Assis, foi assinada pelo Papa junto ao túmulo de São Francisco, este sábado, em Assis, após a celebração da Missa.

“As questões relacionadas com a fraternidade e a amizade social sempre estiveram entre as minhas preocupações. A elas me referi repetidamente nos últimos anos e em vários lugares. Nesta encíclica, quis reunir muitas dessas intervenções, situando-as num contexto mais amplo de reflexão.

Além disso, se na redação da Laudato si’ tive uma fonte de inspiração no meu irmão Bartolomeu, o Patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, agora senti-me especialmente estimulado pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus «criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos». Não se tratou de mero ato diplomático, mas duma reflexão feita em diálogo e dum compromisso conjunto.

Esta encíclica reúne e desenvolve grandes temas expostos naquele documento que assinamos juntos. E aqui, na minha linguagem própria, acolhi também numerosas cartas e documentos com reflexões que recebi de tantas pessoas e grupos de todo o mundo.

[…]

Entrego esta encíclica social como humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras. Embora a tenha escrito a partir das minhas convicções cristãs, que me animam e nutrem, procurei fazê-lo de tal maneira que a reflexão se abra ao diálogo com todas as pessoas de boa vontade.” – Papa Francisco, «Fratelli Tutti»

 

A nova encíclica do Papa Francisco ‘Fratelli Tutti’ foi apresentada este domingo no Vaticano pelo secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Pietro Parolin, o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (Santa Sé), o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, a professora Anna Rowlands da Universidade de Durham (Inglaterra), Mohamed Mahmoud Abdel Salam e Andrea Riccardi.

O juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam, conselheiro do grande imã de Al-Azhar, e secretário-geral do Alto Comité para a Fraternidade Humana anunciou que o alto comité pretende “convocar um fórum para 100 jovens de diferentes partes do mundo, e organizar dias de estudo dedicados a esta encíclica, aqui em Roma e Abu Dhabi, onde foi anunciado o Documento da Fraternidade Humana, mas também no Egito, o país de Al Azhar, onde os participantes se dedicarão à reflexão e ao estudo e ao diálogo”.

“Ao fazê-lo, a encíclica chegará a jovens, pertencentes a diferentes religiões e etnias, com a esperança de que possa ser um passo na direção certa, em direção a uma fraternidade humana mundial”, destacou.

Ao Papa Francisco e ao Grande Imã de Al Azhar, o secretário-geral do Alto Comité para a Fraternidade Humana salientou que os seus “esforços e a luta pela convivência humana e pela fraternidade mundial”, que terminou no Documento da Fraternidade Humana “representaram uma viragem no mundo árabe e muçulmano, e um raio de luz para todo o mundo”.

“Vemos todos os dias jovens que se encontram em torno dos princípios da fraternidade e da convivência, e vemos uma abertura sem precedentes nas relações entre os seguidores das religiões. Também vemos muitas pessoas, mentalmente fechadas para os que pertencem a outra religião, que começam a repensar sua maneira de pensar”, acrescentou Mohamed Mahmoud Abdel Salam.

Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant’Egidio, para quem o novo documento do Papa “traça um caminho simples e essencial para todos – a fraternidade -”, alertou que “a guerra nunca é limitada, mas torna-se a mãe de toda pobreza”: “É uma escola má para os jovens e polui o futuro. Parece um recurso para os desesperados das periferias humanas”.

 

Ao longo do novo documento, o Papa Francisco cita o seu discurso no encontro ecuménico e inter-religioso com os jovens em Skopje, na Macedónia do Norte, a 7 de maio de 2019; o encontro inter-religioso com os jovens em Maputo, Moçambique, em 5 de setembro de 2019; o discurso do encontro com os jovens em Tóquio, Japão, a 25 de novembro de 2019, e o encontro com os jovens do Centro Cultural Padre Félix Varela, em Havana, Cuba, a 20 de setembro de 2015.

Encíclica «Fratelli Tutti» – Papa Francisco

«Fratelli Tutti» é o 299.º documento do género na história da Igreja Católica; A palavra ‘encíclica’ vem do grego e significa ‘circular’, carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma, com um âmbito universal, onde empenha a sua autoridade primeiro responsável pela Igreja Católica. A encíclica – tradicionalmente assinada no Vaticano – é o grau máximo das cartas que um Papa escreve.

 

 

[Fontes e fotos: Agência Ecclesia; Vatican News e Santa Sé]

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