O Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem, a ter lugar no Santuário de Fátima neste 6 de dezembro de 2014, é mais um desafio proposto aos jovens de todo o país para o Encontro com Cristo. Este Encontro – à maneira do que acontece com os discípulos que iam a Caminho de Emaús (cf. Lc 24, 13-35) – é um encontro que transforma o olhar do coração em vista a uma melhor ação. Na verdade, são muitos os jovens que procuram ver Jesus Cristo, na esperança de um encontro transfigurador, atribulados, no profundo ou, até, na aparência das suas vidas, com muitos dissabores que lhes são impostos ou que são consequência de uma vida vivida no desconhecimento do Evangelho de Jesus.

A Pastoral Juvenil, em todas as suas instâncias e dimensões de atuação (mundial, nacional, diocesana, paroquial, congregacional, carismática, etc.) procura ser uma mediação que represente Jesus a caminhar com os jovens, seja em qual for o seu ponto de caminhada, depois de qualquer acontecimento dramático como foi, para Simão e Cléofas, o da morte de Jesus. A vida, por si, para quem a leva a sério, representa esse drama, que diminui à medida que os jovens encontram o sentido das suas vidas. Este sentido perde-se na letargia dos dias de sono; por isso, implica que caminhem e que alguém os ajude a caminhar ao encontro.

Artes como a música com mensagem que se prepara para um festival são instrumentos como tantos outros para acordar e convidar para a vigilância, para que não pare a persistência do coração em perseguir a proposta que Jesus Cristo nos veio dar de sentido, na perspetiva do seu Reino glorioso. Hoje, também, urge a arte do acompanhamento de pessoas concretas, num tempo massificador que teima em fazer perder o sentido da vida pessoal, numa tentativa de homologação de consciências e funções ao serviço de um senhor sem rosto e afeto. Está à vista, no que a comunicação social denuncia…! A proposta do Evangelho vai no sentido contrário: o bem e a felicidade têm um Rosto, o da Pessoa de Jesus Cristo, que nos deu a maior prova de amor.

No Ano da Vida Consagrada, que o Papa Francisco nos convida a viver e que vai desde o primeiro domingo do Advento de 2014 até ao dia 2 de fevereiro de 2016, é mais um dos instrumentos atuais, como o do Sínodo sobre a Família, que ainda está a decorrer, para instaurar no caminho dos jovens momentos de reflexão séria sobre a vida com sentido, à maneira de Jesus que se coloca no caminho dos seus discípulos para fazer perguntas serias a exigir respostas verdadeiras e sérias. É condição que se ajude os jovens a não consentir com todas aquelas realidades fabricadas por quem lhes quer governar a vida para uma regressão entrópica, de volta a uma infância que só responde ao consumo do que se pretende vender. Também ia acontecendo assim com aqueles discípulos, cuja terra de nascimento era Emaús.

A felicidade não está na própria terra-de-nascimento, como para Jesus, que nasceu em Belém, a sua missão estava ligada com Jerusalém. Para quê fugir? Para fugir da verdadeira e concreta Missão? Também aos jovens é oferecida esta perspetiva pelo Sumo Pontífice, ao convidá-los para a Jornada Mundial da Juventude, em cada ano no Domingo de Ramos e, mais expressivamente, no grande encontro de Cracóvia (Polónia) em 2016. É fora do seu canto de isolamento e de si que se pode encontrar a verdadeira felicidade e a missão concreta que Deus reserva para cada um e uma. Em cada um está a semente lançada, correto! Mas o crescimento só pode acontecer, como prova a psicologia evolutiva, com “saltos” e, por vezes, com “transplantes” que permitem que cada um, se desvie, como aqueles discípulos sortudos que se deixaram acompanhar por Jesus, do caminho que leva à regressão-perdição e vai, como Igreja jovem “em saída”, ao encontro dos outros, destinatários do mesmo bem e da mesma felicidade eterna.

Padre António Almeida (P. TóJó) do
Departamento Nacional da Pastoral Juvenil

(Artigo publicado na última edição do Semanário digital Ecclesia, nr. 93)

Share
Share