Editorial da Altos Voos de Janeiro de 2015
“Se tu soubesses o dom de Deus” (Jo 1,5)
Todos os anos, o Deus que vem ao nosso encontro para fazer caminho connosco na história, nos convida a olhar e a transformar o mundo com renovado ardor.
A mensagem de hoje é como a de outrora, de Esperança. Há um Deus próximo, que se revela à “inteira família humana”, para dar forma de unidade e paz à cidade do homem e torná-la em certa medida antecipação que prefigura a cidade de Deus sem barreiras.
Qualquer que seja a nossa idade a nossa cultura, a nossa história, o nosso espaço, o nosso tempo, em todos há um “lugar” comum, um desejo comum, uma sede comum. Esta sede é como que uma marca deixada por Deus que nos atrai para Ele. “Dá-me de beber” (Jo 4,7) diz Jesus à mulher no poço de Sicar, para lhe transmitir depois todo o dom de Deus.
Deixarmo-nos seduzir por esta sede de Deus não nos desliga do mundo, bem pelo contrário, faz-nos estar cada vez mais atentos, e a entrar nessa aventura sem fim, da descoberta progressiva desse «Alguém que nos ama» e das maravilhas do seu dom. Vivemos hoje, resultante de fenómenos de globalização, uma humanidade que se torna mais interrelacionada “uma só família humana” que é chamada a estar unida na diversidade, superando confins geográficos, culturais, étnicos e confissões religiosas. A presença da Igreja sem fronteiras, mãe de todos, propaga no mundo a cultura do acolhimento e da solidariedade (Papa Francisco). É a coragem da fé, da Esperança e da caridade. A abundância do dom de Deus na gratuidade.
Deixemo-nos despertar pela capacidade de bem, de infinito, que proporciona a “cultura de encontro”. Façamos brilhar no mundo o esplendor das Bem-aventuranças. Deixemos despertar em nós a mais profunda das esperas: o desejo de Deus!