Pastora Eva Michel
Igreja Presbiteriana/Metodista
Vivo pela graça, pela misericórdia de Deus: Esta redescoberta está no centro da experiência de fé de Martinho Lutero e do movimento da Reforma Protestante do século XVI.
Verdadeiramente revolucionária no seu tempo, considero-a não menos atual nos nossos dias em que a nossa felicidade parece depender tantas vezes do nosso próprio esforço, da nossa inteligência (ou esperteza), competências, beleza, força e da forma como conseguimos “vendê-los”. Sim, é fundamental, também hoje, 500 anos mais tarde, recordarmos e afirmarmos esta redescoberta evangélica: vivemos pela graça, pela misericórdia de Deus!
Como celebrá-lo ecumenicamente? A liturgia sugerida para a Semana de oração pela Unidade dos Cristãos deste ano deixa-o bem claro: em oração e como festa, como celebração de Cristo. Pois é Ele que, na Cruz, derruba os muros que nos separam, cura as feridas e faz-nos um nele.
Três passos fazem parte desta celebração:
A – Comemorar, isto é, recordarmos e afirmarmos juntos, contra o grande esquecimento – tanto nas nossas sociedades secularizadas como em contextos marcados pelo fundamentalismo –, esta redescoberta evangélica: vivemos pela graça, pela misericórdia!
B – Partilhar as memórias: pois a história da separação continua a contar-se de forma bem diferente nas diversas igrejas: é preciso escutarmo-nos mutuamente, escutar inclusive as feridas que os outros nos contam e ter a coragem para falar das nossas. Não temos de concordar em tudo – se tentarmos perceber porque para os outros certa linguagem ou acentuação da fé se revela tão importante, já terá valido a pena.
C – Para podermos escutar-nos uns aos outros, é preciso irmos ao encontro dos outros. Literalmente. O Papa Francisco e a Federação Mundial Luterana mostraram-nos recentemente como se pode fazer: encontraram-se na Suécia para evocarem a Reforma e para juntos afirmarem o que une todos os Cristãos: a fé no evangelho de Cristo. A aproximação pessoal é o primeiro passo, fundamental, tem insistido o Papa Francisco, recordando que esta se deve traduzir em ação comum em favor de quem mais precisa.
Celebrar ecumenicamente a Reforma: se alguém me tivesse feito esta sugestão alguns anos atrás, teria respondido: impossível. Utópico. Algum dia, talvez… Com profunda alegria estou a observar, por isso, tudo o que está a acontecer e que encaro como uma oportunidade extraordinária, talvez única, de qualquer forma, a primeira em 500 anos! Agarremo-la, corajosamente, com a ajuda de Deus!
Pastora Eva Michel
Igreja Presbiteriana/Metodista