Juventude Operária Católica
7 de outubro de 2017
Hoje, dia 7 de outubro, realiza-se a Jornada Mundial pelo Trabalho Digno, que será comemorado pela JOC – Juventude Operária Católica, LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos e MAAC – Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças, movimentos de Ação Católica que, em conjunto, constituem a Pastoral Operária.
Este dia vai ser celebrado através de ações de rua e “vigílias de oração” em diversos locais do país, nomeadamente, em Braga, Porto, Coimbra, Aveiro, Santarém e Lisboa com o propósito de “[…] incentivar e consciencializar as comunidades cristãs, autarquias, governo, sindicatos, comissões de trabalhadores e organizações empresariais a colaborar para colocar no centro a pessoa e a sua humanização”. Sabias disto?
Acreditamos que é prioritário lutarmos por um trabalho digno e mais justo para todos, por isso, acreditamos e repetimos as palavras do Papa Francisco, quando diz que “O problema é não levar o pão para casa, isto tira a dignidade. O problema pior é a dignidade, por isso temos que trabalhar e defender a dignidade que nos dá o trabalho” (no Encontro com os trabalhadores e estudantes do sector da industria, em Molise, 5 de julho de 2014).
São muitos os aspetos que hoje em dia não nos conferem dignidade como jovens. Por esta razão, a nossa preocupação é alertar e denunciar situações que não concedam a máxima dignidade aos jovens, para que, desta forma, também estes fiquem despertos para outras situações semelhantes na sociedade, as identifiquem e as transformem.
Esta falta de dignidade começa desde logo na procura do primeiro emprego onde as primeiras dificuldades sentidas por parte dos jovens estão na tentativa de inserção no mercado de trabalho, para o qual, na maior parte das vezes, é exigida experiência profissional. Esta situação, muitas vezes, é motivo de revolta para o jovem que procura trabalho pela primeira vez e se pergunta “como é que alguém a quem não é dada oportunidade poderá vir a ter algum tipo experiência profissional para apresentar?”.
Muitas das vezes também nos são relatos casos de estágios profissionais abusivos e que não cumprem a sua finalidade, como por exemplo, postos de trabalho a serem ocupados por estagiários que são encarados como trabalhadores (e não estagiários, em apredizagem), vendo assim os seus direitos reduzidos e desiguais face aos restantes trabalhadores, sem acompanhamento definido por lei e sem a remuneração adequada. Na verdade, os jovens nesta situação sentem-se pressionados a cumprir planos de trabalho excessivos e a realizar horas extras não pagas, na expectativa da sua possível contratação.
A enorme parte dos jovens em Portugal trabalha a recibos verdes ou a contratos de trabalho a termo e de curto-prazo, onde se vêm privados de direitos fundamentais como as férias, a baixa por incapacidade, o subsídio de desemprego, entre outros direitos aos quais todo o trabalhador tem direito. Vivemos marcados pela precariedade, portanto! Com empregos onde impera o excesso de trabalho, as horas extraordinárias (muitas vezes não remuneradas), o clima de competitividade, os salários precários e o bullying no trabalho por parte dos colegas e muitas vezes da entidade patronal, os jovens sentem-se apenas como uma máquina para a empresa atingir a produtividade desejada. Muitas destas situações laborais são as responsáveis por a saúde física e mental dos jovens ser posta em causa, assim como todos os seus projetos de vida e adiamento dos mesmos.
Com estas jornadas procuramos levar ESPERANÇA a estes jovens que se encontram em situações de precariedade e de indignidade nos seus locais de trabalho, queremos que estes tenham coragem de denunciar o que lhes asfixia a vida. Queremos que aqueles a quem conseguirmos chegar com esta mensagem e estas ações sintam que não estão sós nem sozinhos e que falar abertamente sobre estas questões, em conjunto, também é ser e viver em Igreja. Procuramos ainda que as entidades patronais reforcem o sentido das palavras RESPEITO, LIBERDADE e DIREITOS, entidades estas constituídas por pessoas que também são filhos de Deus.
Acreditamos que Jesus Cristo nos aponta caminhos concretos, onde o trabalho deve ser um meio de dignificação da pessoa e não da sua diminuição, como dizia o fundador do nosso Movimento, Joseph Cardijn “Nós não somos “bestas de carga mas sim filhos e filhas de Deus”.
Trabalhamos para que todos juntos saibamos encontrar “um trabalho que, em qualquer sociedade, seja expressão da dignidade essencial de todo o homem e mulher”, de toda a Juventude, porque “o Trabalho está para o Homem e não o Homem para o Trabalho” (no Manifesto da Pastoral Operária, 2017).
Juventude Operária Católica
7 de outubro de 2017