O treino consistia em reduzir a resistência de não matar o inimigo. O objetivo era desumanizar o inimigo e convertê-lo em coisa. Assim, já não se aplicava o instinto de preservar a vida porque o inimigo já não é pessoa, mas sim uma coisa. O inimigo já não era um alemão, mas um Kraut, não era um vietnamita, mas um Gook, não era um nipónico, mas um Nip… O essencial era reduzir a pessoa a uma coisa.
Não sei se há muita verdade ou não neste relato, ou se ainda hoje é assim que são treinados os nossos soldados. Importa hoje, a partir desta história, perguntar: que termos uso hoje que desumanizam o outro?
Infelizmente muitos. Cada um de nós terá uma resposta a esta questão.
O servo dos servos, Papa Francisco, ao longo deste ainda curto tempo do seu pontificado tem apresentado imensos gestos concretos humanizantes.
Podemos afirmar que a beleza cristã dos seus atos se manifestou logo quando pediu ao povo que invocasse a bênção sobre ele porque depois abençoaria o povo. Temos assistido a vários momentos, tão bem guardados em belas imagens, em que abençoa as crianças, pega nelas ao colo e as beija, assina a perna engessada da criança; no abraço carinhoso, ternurento e caritativo às pessoas com deficiência; a preocupação de celebrar eucaristia com todos – desde os cardeais até aos jardineiros, passando pelos guardas suíços.
Na homilia da eucaristia do dia 21 de maio de 2013, celebrada na capela da Casa Santa Marta, afirmava que o verdadeiro poder é o serviço. Como Ele fez, que veio para servir e não para ser servido. Ele rebaixou-se até a morte de Cruz por nós, para nos salvar. E não existe na Igreja nenhum outro caminho para progredir. Se não aprendermos esta regra cristã, jamais entenderemos a verdadeira mensagem de Jesus sobre o poder. Porque progredir significa estar sempre ao serviço e a regra é: o maior é aquele que serve, aquele que está mais a serviço dos outros.
Em síntese, que tenho eu feito para humanizar o meu irmão?
Irmãos, comecemos, pois até agora pouco ou nada fizemos [São Francisco de Assis].