O dia 17 de outubro é o Dia Mundial da Erradicação da Pobreza.

Pe. Jardim Moreira
Presidente da EAPN – Portugal

Constatar a existência de mais de dois milhões de portugueses pobres e ou excluídos, e que 25% das nossas crianças são pobres, significa dizer que estes portugueses são vitimas de injustiças estruturais da sociedade que somos, da sua economia e da sua politica.

Somos portugueses e também somos cristãos.

Como portugueses todos temos o dever moral de construirmos uma sociedade justa, equitativa, de pugnar por uma democracia que que reflita o reconhecimento igual dos direitos humanos a todos os cidadãos, dê acesso a iguais oportunidades que permitam o desenvolvimento integral de toda a pessoa humana, em liberdade e em dignidade.

Não é um favor, é um direito. Como vivemos acomodados, até achamos normal esta realidade, de tanta gente que sofre, porque lhes são negados os direitos de serem iguais aos demais, de ter acesso à saúde, à cultura, ao lazer, à família estruturada, à alimentação indispensável à vida, a viver sem ser por favor.

Ninguém é dono de ninguém. Digamos não a esta forma de escravatura.

Como cristãos jovens afirmamo-nos como discípulos do mesmo Mestre e Senhor Jesus Cristo. O discípulo escuta o Mestre, acolhe a sua mensagem e imita o seu proceder. Jesus anuncia o Reino de Deus ao povo por palavras, por obras e por gestos.

Revela-nos que Deus é o Pai comum de todos é “Pai Nosso”.

Que o seu projecto é construirmos uma família, uma sociedade fraterna, cujo dinamismo nasce e se manifesta no Amor. Deus é Amor. E o mandamento de Jesus:  Amai-vos   como eu vos amei.

Ele denunciou o erro e a opressão, mesmo a religiosa. Nenhuma opressão é legitima, nem a opressão religiosa. Ele é libertador, cura toda a enfermidade que oprime e ou impede a inclusão. (porque é impuro) por exemplo: os leprosos, os endemoninhados, os pecadores públicos, os cegos, e diz-nos que o Pai quer que cada um viva a vida na sua integralidade. Ele dá pão para que ninguém desfaleça, e diz aos seus discípulos: “dai-lhes vós mesmos de comer”.

Jesus trata a pessoa humana como uma unidade antropológica. Diz-nos que o juízo final será muito concreto.

“tive fome, sede, estava nu, doente, na prisão, sem casa, etc. e a quem não ficou indiferente, e alheio, dirá: vinde benditos do meu pai, e aos que não cuidaram do próximo, dir-lhes-á; afastai-vos de Mim malditos…porque o que não fizestes a qualquer de um destes mais pequeninos a mim o não fizestes.

O cristão não pode praticar a caridade, sem ter um compromisso empenhado pela justiça.

Só se luta eficazmente contra a pobreza se lutarmos por erradicar as suas causas que são múltiplas e estruturais.

Por isso o assistencialismo, ainda que possa matar a fome nesse dia, mantém o pobre na pobreza humilhante.

Não nos iludamos. Não se deve dar por esmola aquilo a que o pobre deve ter acesso por direito.

A solidariedade pode ser praticada por todos, pelos governos, pelas instituições, pelos cristãos ou pelos pagãos.

A caridade é exclusiva dos cristãos, requer a partilha gratuita e amorosa do que é nosso, deve ser um compromisso libertador do pobre ofendido e humilhado.

Diz-nos S. João: “É mentiroso aquele (a) que diz que Ama a Deus a quem não vê e não ama o seu irmão a quem vê.

Todos conhecemos a parábola do Bom Samaritano, que nos diz quem é o nosso próximo… depois do samaritano ter cuidado do que foi assaltado até á sua recuperação, Jesus diz a cada um: “Tu, vai e faz também o mesmo.

O cristão não é indiferente ao pobre, empenha-se e luta organizadamente contra a pobreza, pelo desenvolvimento do seu semelhante, faz dele um seu irmão.

Pe. Jardim Moreira
Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza – EAPN – Portugal

 

* Este ano a Rede Europeia Anti-Pobreza associa-se à Campanha #StopPoverty, conduzida pela ATD Fourth Word, contribuindo assim para uma ação a nível global de “Combate à Pobreza”.

 

«“Cocas da Inclusão” – Um jogo de sensibilização para a importância da participação de todos na luta contra a pobreza e a exclusão social partindo dos quatro valores fundamentais que orientam a nossa ação: Dignidade; Solidariedade; Justiça e Igualdade.
Envolver os clientes das nossas organizações na dobragem do Cocas da Inclusão, na reflexão sobre os seus conteúdos e na sua distribuição e oferta a outras pessoas é uma forma de abordarmos a Pobreza e a Exclusão de forma simples, versátil e adaptada a várias idades; contextos e públicos.»

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