O Papa foi recebido por uma multidão, que chamava “Francisco, Francisco” no lotado estádio de San Siro, em Milão, para um encontro com os recém-crismados, onde alertou para o fenómeno do “bullying” juvenil.

“Pergunto a vocês, crismados, escutem em silêncio: na vossa escola, em vosso bairro, há alguém que você insulta, engana, porque ele/ela tem algum defeito, porque é gordo, magro, isto ou aquilo? Pensem!”, disse Francisco este sábado.

“Vocês gostam de fazê-los passar vergonha e de bater por isto? Pensem! Isto se chama bullying. Por favor…ainda não acabei…Por favor!”, pediu a uma multidão de 80 mil jovens no estádio partilhado pelo Milan e pelo Inter de Milão há 70 anos.

O Papa pediu aos jovens que “façam a promessa ao Senhor de nunca fazer” bullying e nunca permitir que se faça no colégio, escola, bairro.

“Prometam-me nunca enganar, insultar o companheiro de colégio, de bairro. Prometem isto hoje?”, solicitou ainda no Estádio Giuseppe Meazza.

“Siiim”, responderam os jovens mas Francisco disse que não estava “contente com a resposta”.

“Prometem isto?”, insistiu tendo como resposta um novo “siiim”.

O pontífice argentino comentou que aquele sim era para o Papa, por isso, pediu que “em silêncio” pensassem que o bullying é uma “coisa ruim” e se eram capazes de fazer a promessa a Jesus.

“Prometem a Jesus nunca fazer este bullying? (siiim!)  Obrigado! E que o Senhor vos abençoe”.

O encontro entre o Papa e os jovens no Estádio de São Siro, a última iniciativa da vista a Milão, ficou marcado pela muita música, cores, danças e a alegria juvenil.

Francisco respondeu a três perguntas feitas por um jovem crismado, por um casal e por uma catequista.

“Quando tinhas a nossa idade, o que te ajudou a fazer crescer a amizade com Jesus?” – perguntou David, da localidade milanesa de Cornaredo.

“Três coisas, com um fio unindo as três”, começou por explicar o Papa destacando a figura dos avós.

“A nona ensinou-me a rezar, também a minha mãe. Os avós têm a sabedoria da vida. Ensinam como caminhar próximos a Jesus. Falem com vossos avós, perguntem, escutem-nos, falem com eles”, desenvolveu.

A segunda coisa que ajudou Francisco foi “brincar com os amigos”: “É bom sentir alegria nas brincadeiras com os amigos, sem insultos, e pensar assim brincava Jesus”.

“Faz-nos bem brincar com os amigos, porque quando o jogo é limpo, aprende-se a respeitar os outros, a fazer uma equipe, a trabalhar juntos. E isto nos une a Jesus”, realçou, indicando que se existirem brigas depois pedem “perdão”, e a terceira foi “ir à paróquia, reunir com os outros”.

“Com estas três coisas tu rezarás mais. E a oração é aquele fio que une as três coisas”, assinalou.

A segunda pergunta foi feita por um casal que quis saber como “transmitir” aos filhos “a beleza da fé?” e Francisco convidou-os a recordarem as pessoas “que deixaram uma marca” na fé.

“Todos trazemos na memória, mas especialmente no coração, alguém que nos ajudou a crer. Mostrar-lhes como a fé nos ajuda a seguir em frente, a enfrentar os tantos dramas que temos, não com uma atitude pessimista, mas confiante, este é o melhor testemunho que podemos dar a eles”.

Uma catequista fez a terceira e última pergunta sobre  a melhor forma dos educadores cristãos chegarem aos educandos.

“A educação deve ser harmónica. Educar com conteúdo, as atitudes na vida e os valores, nunca educar apenas com noções, ideias. Também o coração se deve fazer crescer na educação, o fazer, o modo de caminhar na vida”, desenvolveu o Papa, acrescentando que “o professor deve estimular as boas qualidades de seus alunos”.

A visita do Papa à Arquidiocese de Milão começou às 08h30 locais, menos uma hora em Lisboa, e começou num bairro com Francisco a encontra-se com pobres e reclusos, esteve com sacerdotes e membros da vida consagrada e terminou o dia com os jovens no Estádio de San Siro, antes de regressar a Roma.

(Com Rádio Vaticano e mais informações em italiano na sala de imprensa da Santa Sé)

Share
Share