Em entrevista à Agência ECCLESIA, a presidente daquele organismo saúda a “entrada da empregabilidade na agenda política”, no entanto considera que o projeto, lançado pelo executivo de Pedro Passos Coelho no dia 6 de junho, será “insuficiente” sem uma atitude de “exigência” e de “controlo”.
Elisabete Santos aponta sobretudo para o apoio que o Estado vai conceder aos jovens que estejam inscritos nos centros de emprego há pelo menos quatro meses, através do denominado “passaporte emprego”.
Este mecanismo prevê o acesso dos mais novos a um estágio profissional de seis meses numa empresa, com um mínimo de 50 horas de formação e, numa segunda fase, o acesso a um contrato sem termo.
Para a presidente da JOC, o Governo deve assegurar “uma maior ligação entre o estágio e o vínculo laboral”, uma vez que “esta relação não está muito forte”.
A responsável católica tem mesmo “algumas dúvidas de que esta medida vá promover o emprego sem termo”.
O “passaporte emprego” está integrado num pacote de medidas avaliado em cerca de 344 milhões de euros e pretende beneficiar cerca de 90 mil jovens com a criação de estágios profissionais e apoios à contratação e ao investimento.
Segundo Elisabete Silva, o desemprego juvenil é neste momento “uma realidade sufocante”, que carece de uma ação urgente, não só ao nível do desenvolvimento do mercado de trabalho mas também no plano da educação, que está a ser “muito posta em causa”.
A JOC considera que os cortes que têm caído sobre a educação, mais a prioridade dada aos cursos científicos e tecnológicos em detrimento das ciências humanas, vão ter consequências nefastas respetivamente ao nível da “qualidade” do ensino e da capacidade de integração dos mais novos no meio laboral.
“A educação não pode existir só porque está na Constituição” ou “como resposta à estatística”, deve “ser algo que realmente permita aos jovens desenvolverem dons e competências que contribuam para a sua dignidade e valorização e também para o enriquecimento da própria sociedade”, refere a presidente da JOC.
A relação “preocupante” dos mais novos com a escola e o mercado de trabalho foi um dos aspetos que estiveram em destaque durante o encontro nacional da JOC, que teve lugar em Alqueidão da Serra, na região de Leiria, nos dias 16 e 17 de junho.
O debate entre os diversos dirigentes permitiu identificar um crescimento muito positivo do movimento juvenil, sobretudo nas dioceses onde ainda não tinha qualquer representação.
Elisabete Silva encara este crescimento como um sinal de “esperança”, num tempo de “muita dificuldade”.
“Sentimos que é uma prioridade do movimento continuar a expandir, não para sermos um número grande mas realmente porque sentimos que os jovens precisam da JOC, precisam deste projeto de Jesus Cristo”, realça.
A Juventude Operária Católica procura essencialmente “que os jovens estejam mais informados sobre as questões do mundo laboral”, assumindo-se como um “espaço de partilha e de entreajuda”.