“Acreditamos que é possível transformar o mundo em que vivemos. É essa certeza que nos move cada dia, e nos faz apostar na nossa missão de promover o desenvolvimento humano integral de cada pessoa.” (Plano Estratégico FEC 2017-2021)
A FEC – Fundação Fé e Cooperação, enquanto organização não-governamental para o desenvolvimento, criada em 1990 pela Igreja Católica em Portugal, num estreito diálogo e colaboração com as Igrejas dos países de língua oficial portuguesa tem como missão promover o Desenvolvimento Humano Integral com a visão de construir uma sociedade onde cada pessoa possa viver com dignidade e justiça.
Em linha com a nossa teoria de mudança e com o nosso papel distintivo e mais-valias, identificamos três eixos estratégicos de transformação social e áreas prioritárias de ação que interagem e se complementam: Educação, Conhecimento & Competências; Boa Governação e Advocacia; Cidadania Global & Direitos Humanos). Queremos trabalhar de forma mais transversal entre países, pelo que os eixos estratégicos de transformação social apresentados aplicam-se à intervenção da FEC em todos os países onde atua: Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
Temos três grandes projetos na área do voluntariado:
A Rede de Voluntariado Missionário que congrega 61 entidades e que tem como objetivo promover a partilha de experiências e desenvolver uma formação conjunta, a partir de várias actividades anuais.
O projeto EU Aid Volunteers for You com o objetivo de fortalecer as competências das organizações de envio/acolhimento de voluntários que pretendem participar na iniciativa do Corpo de Voluntários para a Ajuda Humanitária da União Europeia, assegurar a conformidade do conjunto de normas e procedimentos das organizações de envio/acolhimento, dentro da iniciativa do Corpo de Voluntários para a Ajuda Humanitária da U.E., por forma a obter uma certificação e suprimir as lacunas entre as organizações especializadas em gestão de voluntariado e as especializadas em ajuda humanitária, enquanto se fortalece os laços entre organizações europeias e não-europeias.
E o projeto EaSY – Evaluate Soft Skills in International Youth volunteering com o objetivo de criar um processo de validação para reconhecer as competências dos voluntários após uma experiência de voluntariado internacional, através de um modelo de avaliação assente em três principais ferramentas de apoio (curso e manual de formação para jovens voluntários; teste online de autoavaliação para voluntários; teste de campo final), através da promoção da qualidade do trabalho dos jovens, em especial a internacionalização do trabalho dos jovens e a sua abertura à cooperação transetorial e profissionalizando os jovens trabalhadores, reconhecendo as competências adquiridas e estabelecendo padrões de qualidade, através de um código ético e profissional.
FEC e Portugal: Quatro áreas prioritárias
No caso específico de Portugal, trabalhamos em quatro áreas prioritárias: Estilos de Vida Sustentáveis (porque somos, individual e coletivamente, corresponsáveis pelo futuro do nosso planeta); Direitos da Criança (porque as crianças veem frequentemente os seus direitos serem negligenciados ou violados); Direito à alimentação (porque enquanto direito humano profundamente desigual à escala planetária, o direito à alimentação está presente ou ausente de forma quotidiana na vida de todas as pessoas); e Voluntariado para a transformação social (porque o voluntariado é um exercício de participação cívica)
Como se cruzam projetos que parecem tão diferentes? Que pontos em comum têm todos os projetos que a FEC – Fundação Fé e Cooperação tem neste momento em Portugal? Como se cruzam áreas tão diferentes como a alimentação, o voluntariado, os estilos de vida sustentáveis, a advocacia e as experiências locais alternativas?
À primeira vista, podemos achar que não se cruzam e que devemos ter “cada macaco no seu galho”, deixar bem distintas as áreas de atuação. Se olharmos uma segunda vez, começamos a encontrar pontes entre todos os projetos. E, se nos debruçarmos com mais atenção e vermos passo a passo os objetivos de cada um deles, podemos perceber que mesmo não estando conectados com atividades concretas, estão interligados nas dinâmicas que propõem. Senão, vejamos:
Temos “O Mundo à Mesa” a refletir e dinamizar atividades com vista a “contribuir para a consolidação do compromisso de todas as pessoas com a resposta necessária às desigualdades e injustiças que se apresentam ao nível local e global” (Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento), mobilizando cidadãos a partir da compreensão dos desafios locais para as questões globais, tendo como foco um tema que a todos toca: a Governança do Sistema Alimentar, no quadro dos Direitos Humanos (em específico o Direito Humano a uma Alimentação Adequada), dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Em suma, pretendemos garantir que todos têm lugar à mesa, quer da alimentação, quer da participação, o que se espelha na abordagem sistémica de interligação de setores, níveis (pessoal-local-global) e atores, que se têm revelado verdadeiramente mobilizadora e transformadora. Queremos, por isso, continuar a aprofundar a intervenção neste setor, base para um desenvolvimento sustentável, inclusivo e justo. Pôr em paralelo realidades locais tão diferentes como Portugal e Angola é um exercício que reforça a urgência de um esforço conjunto global para desafios comuns, bem explícito no ODS 17.
Temos o “Juntos pela Mudança” que pretende “aumentar a consciência de que o comportamento de consumo dos cidadãos europeus tem um forte impacto sobre as alterações climáticas, os modos de vida e sobre o desenvolvimento dos países do Sul. O público-alvo deste projeto tem vindo a ser desafiado a assumir ações concretas que o façam adotar um estilo de vida mais sustentável, partilhando em seguida a sua experiência de mudança para motivar os seus pares a embarcar também nesse caminho de mudança.
Paralelamente, e partindo destas experiências comunitárias de base, temos feito um trabalho ao nível da influência política, com a preparação de um manifesto nacional e a disseminação de um manifesto europeu, que abordem as interdependências globais entre a União Europeia e os países em desenvolvimento, e a importância de criar incentivos ao consumo de bens produzidos de uma forma sustentável, garantindo assim que se dão passos para reduzir o impacto negativo das cadeias de produção e de abastecimento que não são sustentáveis.”
Porque é que é importante? Porque constatámos que o uso intensivo dos recursos globais pelos cidadãos europeus prejudica as populações do Sul, os europeus têm um fraco conhecimento sobre alternativas de estilos de vida sustentáveis, poucas pessoas alteram o seu comportamento individual para abraçar estilos de vida coerentes e sustentáveis e as políticas nacionais e comunitárias carecem de incentivos que favoreçam os estilos de vida sustentáveis.
Temos o “Coerência.pt” que promove, ao longo de 24 meses, um conjunto de atividades que nos permita consciencializar e desenvolver o entendimento crítico das interdependências globais e reforçar o valor da coerência das políticas de desenvolvimento como eixo-central do Desenvolvimento Sustentável rumo a uma Vida Digna para todos/as, junto de decisores políticos, técnicos ministeriais / funcionários públicos, redes de agentes locais, ONGD, estudantes e público em geral: os principais atores do desenvolvimento.
Da pesquisa ao conhecimento e capacitação; da mobilização à ação colaboramos com todos os atores de desenvolvimento que estejam empenhados em promover o Desenvolvimento Sustentável. E fazemos tudo isto em conjunto com a rede de agentes locais, lançando novas bases de investigação, elaboração e partilha de estudos de caso sobre a Coerência das Políticas para o Desenvolvimento (CPD). Lançámos já a Linha Verde CPD e estamos a disseminar uma Guia para a Ação Cidadã̃ porque queremos a participação de todos/as.
Temos o “Alternativas” porque vivemos num tempo em que a reflexão e a proposta de práticas alternativas numa sociedade global que se quer mais solidária, justa, inclusiva e sustentável se encontram no centro do debate atual. No entanto, persistem dificuldades em ligar de forma significativa o global e o local; mantém-se um relativo desconhecimento face às iniciativas locais alternativas existentes e pouca reflexão e pensamento em torno do impacto das mesmas a nível local e global; existe uma excessiva centralização das respostas e da reflexão sobre estas matérias nos contextos urbanos; nos seus processos pedagógicos, a Educação para o
Desenvolvimento ainda incorpora pouco as experiências alternativas concretas como ferramenta e conteúdo preferencial desses processos; e persiste um certo afastamento entre o trabalho desenvolvido pelas ONGD e pela restante sociedade civil.
Neste contexto, e com a expetativa de dar um contributo na resposta a estes desafios, surgiu este projeto, liderado pela Fundação Gonçalo da Silveira, que foi pensado, concebido e desenhado em parceria, num processo participativo, visando reforçar a reflexão em torno da mudança sistémica e da transformação global, indo ao encontro de propostas alternativas, a partir da experiência concreta de Iniciativas Locais de Mudança (ILM), identificando-as, mapeando-as, apresentando-as e propondo um trabalho conjunto de reflexão acerca do tema, bem como uma abordagem pedagógica a partir do conhecimento e saberes adquiridos ao longo do processo.
Como se cruzam todos estes projetos?
E continua a dúvida. É simples: cruzam-se na nossa vida diária, cruzam-se nas nossas ações enquanto cidadãos, cruzam-se na nossa mobilização face a uma sociedade em mudança, mas cujos direitos dos cidadãos em todo o mundo continuam por assegurar (ou são diferentemente conseguidos).
Acima de tudo, se conseguirmos ter “o mundo à mesa”, caminharmos “juntos pela mudança”, com “coerência.pt”, procurando “alternativas” seremos com toda a certeza melhores e mais empenhados membros da mesma sociedade, colocando em comum o que nos une (Rede de Voluntariado Missionário), fortaleceremos as competências uns dos outros (EU Aid Volunteers for You) e conseguiremos, com toda a certeza, reconhecer e aproveitar melhor as soft skills que cada um/uma vai adquirindo ao longo da sua vida (EaSY – Evaluate Soft Skills in International Youth volunteering)
Se nos quiseres conhecer melhor, não hesites, visita a nossa página e contacta-nos: www.fecongd.org
Catarina António
FEC | Fundação Fé e Cooperação