A primeira nota está no rodapé, ou melhor, na data da publicação: Santo Estevão, Diácono e primeiro mártir. Francisco quer dizer-nos que a vida só ganha sentido pelo serviço aos mais pobres (era essa a missão do diácono) e na entrega radical da vida (martírio).

A Mensagem assenta na ideia de que, quanto mais pobres nos aceitarmos, melhores condições temos para partilhar…essa pobreza. Habitualmente, achamos que só os ricos podem partilhar e os pobres passam a vida de braços estendidos. Mas não, porque bem diz o provérbio que ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar nem tão rico que não tenha nada para receber. Por isso, a partilha ganha terreno nos corações de quem ama. Aliás, o amor abate muros e constroi pontes.

No seu jeito prático de simplificar para ajudar á compreensão, o Papa Francisco cataloga as misérias em três séries: material, moral e espiritual. Assim, a pobreza material é vivida por quem não tem um mínimo de coisas para viver com dignidade. Esta miséria tem de ser combatida por todos, através da instauração de leis justas e da uma solidariedade efetiva. É uma questão de direitos humanos que assenta na vontade de Deus de ver todos os filhos a viver em condições dignas. A miséria moral prende-se com comportamentos. E são muitas as atitudes de vida que atentam contra os valores humanos e cristãos, estragando a vida e o bom nome das pessoas. A miséria espiritual vive-se quando se arruma Deus da vida, não percebendo que Ele é a única fonte de sentido, o único Salvador.

A última palavra do Papa é um convite forte e insistente à partilha. Trata-se de uma obrigação e não uma opção. E mais: tem de doer! Não podemos dar apenas o que nos sobra ou até está a atrapalhar a arrumação de nossa casa. Temos de dar algo que nos custa, sabendo que vamos ajudar outros a ser mais felizes. Francisco desconfia das esmolas que não doem. Nesta Quaresma partilhemos a doer com quem mais precisa, dando-lhe o que eles merecem, o que lhes pertence.

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