O livro ‘Querido Papa Francisco’ reúne cartas de crianças de todo o mundo e as respetivas respostas do Papa. Entre os escolhidos está o João, uma criança portuguesa de 10 anos, que viu Francisco na Praça de São Pedro, no Vaticano.

“Querido papa Francisco, quando o vi na Praça de São Pedro senti uma grande alegria porque olhou para mim. O que sente quando olha para as crianças à sua volta? Obrigado pela sua atenção. Um abraço do João.”

Papa e crianças_2016 (2)

A nova obra é lançada hoje em Itália e a 01 de março noutros países mas ainda não se sabe quando a publicação que chega a Portugal. Este livro, para além das respostas de Francisco, tem como ilustrações os desenhos que acompanharam as 30 cartas selecionadas.

‘Querido papa Francisco’, é o título traduzido das edições em inglês e espanhol, editora Loyola Press. O título da edição italiana é ‘L’amore prima del mondo’ (ed. Rizzoli) e evoca a pergunta sobre o que fazia Deus antes de criar o mundo: “Amava”, responde o Papa.

A editora informa que as cartas apresentadas foram enviadas por crianças entre os seis e os 13 anos, dos cinco continentes. Ao Papa argentino, as crianças e pré-adolescentes pedem ajuda, conselhos e respostas às suas dúvidas e explicações sobre fé e a existência.

“O que fazia Deus antes de fazer o mundo? O que é feito dos nossos entes queridos após a morte? Temos realmente todos, mesmo os maus, um anjo da guarda? Qual foi a coisa mais difícil que o Papa teve de fazer na sua missão e que coisa faria se pudesse realizar um milagre?”, exemplifica o texto de apresentação de ‘Querido papa Francisco’.

“A estas e outras perguntas (…) o Papa Francisco responde com palavras simples e extraordinariamente íntimas, como um pai extremoso, acolhendo e confiando aos mais pequenos a sua reflexão sobre a vida e sobre a fé”, acrescenta, divulga o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Luca, 7 anos, Austrália
L: “Querido papa Francisco, a minha mamã está no Paraíso. Crescer-lhe-ão asas de anjo?”
Papa: “Querido Luca, não, não, não! A tua mamã está no céu bela, esplêndida, cheia de luz. Não lhe cresceram asas. É precisamente a mamã que tu conheces, mas mais bela que nunca. E ela olha-te e sorri para ti, que és seu filho.
De cada vez que te vê a tua mamã fica contente, se te portas bem. Se não te portas bem, ela quer-te bem na mesma e pede a Jesus para te fazer melhor. Pensa assim a tua mamã: bela, sorridente e cheia de afeto por ti.”

Wing, 8 anos, China
W: “Querido papa Francisco, porque é que gostas de jogar futebol? Desejo-te boa saúde.”
Papa: “Querido Wing, gosto muito de futebol. Nunca joguei jogos a sério porque nunca aprendi bem a técnica do jogo. O meu pé não é ágil. Mas gosto muito de ver jogar as equipas no campo.
Sabes porquê? Porque vejo que é um jogo de equipa, de solidariedade. Apaixono-me ao ver uma partida. Se um jogador quer jogar sozinho, perde, e depois os seus companheiros de equipa não gostam dele. Joga-se bem futebol quando se joga em conjunto, quando se faz jogo de equipa e se procura o bem de todos sem pensar no bem pessoal ou em evidenciar-se. Assim deveria ser também na Igreja».

William, 7 anos, América do Norte
W: Que milagre faria, se pudesse?
Papa: “Querido William, curaria as crianças. Ainda não consegui entender porque é que as crianças sofrem. Para mim é um mistério. Não sei dar uma explicação. Interrogo-me sobre isso. Rezo sobre esta pergunta: porque é que as crianças sofrem? É o meu coração que põe a pergunta. Jesus chorou, e chorando compreendeu os nossos dramas. Eu procuro compreender.
Se pudesse fazer um milagre, curaria todas as crianças. O teu desenho faz-me refletir: há uma grande cruz escura e por trás está o arco-íris e o sol que esplandece. Gosto. A minha resposta à dor das crianças é o silêncio ou uma palavra que nasce das minhas lágrimas. Não tenho medo de chorar. Também tu não deves ter medo.”

O Papa teve a colaboração do padre jesuíta italiano Antonio Spadaro e ter-lhe-á dito, a sorrir: “São difíceis estas perguntas.”

A obra remonta a maio de 2015, quando a editora dos Jesuítas (Loyola Press), propôs a ideia a Francisco, que aceitou, revela a Rádio Vaticano.

Desde então foram recolhidas 259 cartas de 26 países, incluindo Albânia, China, Nigéria, Filipinas e escolas provisórias que acolhem refugiados sírios.

Papa e crianças_2016

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