Tony Neves
Não há alternativa à caminhada ecuménica: quem o disse foi o Concílio Vaticano II e, depois dele, todas as intervenções oficiais da Igreja católica o têm reafirmado. Se até ao Concílio, o ecumenismo era olhado com alguma suspeição e vivido apenas por alguns, a partir deste grande acontecimento, a opção deu lugar à obrigação.
Os últimos tempos têm sido muito ricos em termos ecuménicos. Surgem documentos, realizam-se eventos, abrem-se debates, reza-se em comum, os membros de diversas Igrejas encontram-se.
A nível mundial, registamos os encontros frequentes entre os Papas e líderes das grandes Igrejas Cristãs de tradição Ortodoxa ou nascidas da Reforma Protestante. Também ganhou direito de cidadania o Oitavário de Oração para a Unidade dos Cristãos que, na Europa, estamos a celebrar de 18 a 25 de Janeiro.
A nível da Europa, saliento a realização de três Assembleias Ecuménicas: em Basileia (Suíça, em 1989), em Graz (Áustria, em 1997), em Sibiu (na Roménia, em 2007). Os temas escolhidos, debatidos e rezados tocam nas questões de justiça, paz, ecologia, reconciliação e comunhão. Trata-se de grandes temas gravados nas páginas dos Evangelhos que, quando vividos, tornam o mundo mais humano e mais fraterno.
Portugal tem impresso já no seu ritmo eclesial uma caminhada ecuménica interessante. Vivemos com intensidade, a nível nacional, a Semana da Unidade, com encontros e celebrações um pouco por todo o país. Temos dioceses (como, por exemplo, Porto, Lisboa e Coimbra) onde vão acontecendo, ao longo do ano, eventos que congregam diversas Igrejas cristãs. Mas é a nível dos jovens que o caminho parece mais palmilhado: desde 1999 que se realiza, sem interrupções, o Fórum Ecuménico Jovem, fruto de uma organização conjunta dos departamentos juvenis das Igrejas Católica, Lusitana, Metodista e Presbiteriana. Além destes fóruns, que têm percorrido o país, têm surgido outras iniciativas de que saliento a produção de dois CD’s Ecuménicos que reúnem cânticos nascidos no contexto das diferentes Igrejas.
‘Reconciliação – é o amor de Cristo que nos impele’, eis o tema desta Semana da Unidade, relacionado com a celebração dos 500 anos da Reforma Protestante. Há que continuar a derrubar as paredes da divisão para dar lugar ao projeto de Cristo que quer ‘um só rebanho e um só Pastor’…que é Ele!
Reconciliação: um dom ou uma tarefa? Certamente que um enorme dom de Deus à sua Igreja, que se torna tarefa para quantos sentem o peso do sonho bíblico: ‘oh como é bom e agradável viverem os irmãos em harmonia’!
Tony Neves