FOTO: Bárbara Vitória
No Conselho Nacional da Pastoral Juvenil, realizado em Fátima nos dias 12 e 13 de dezembro, Rui Marques, ex-Alto Comissário para as Migrações, ajudou-nos a ler os sinais do tempo que atravessamos, especialmente no que toca à realidade dos jovens. A sua intervenção “O que se passa com os jovens? Três chaves de leitura, três caminhos de resposta” partiu de três chaves de leitura fundamentais – a ansiedade/fragilidade, a solidão/desconexão social, e a polarização/fragmentação – que ajudam a compreender os desafios humanos, culturais e espirituais que marcam esta geração, fortemente impactada pela dependência tecnológica, pela fragilização das relações presenciais e por um ambiente comunicacional marcado pela desinformação e pela pós-verdade.
Foi sublinhado que não estamos apenas perante uma crise de informação, mas sobretudo perante uma crise de sentido, de pertença e de confiança. Num contexto em que a emoção se sobrepõe frequentemente ao facto, e em que o conflito é amplificado pelos algoritmos digitais, cresce a ansiedade, aprofunda-se o isolamento e acentuam-se lógicas de “nós contra eles”. Esta realidade desafia diretamente a missão da Pastoral Juvenil, chamada a reconhecer que a apresentação de dados ou respostas simplistas não é suficiente para transformar mentalidades ou gerar esperança.
A partir desta leitura, Rui Marques apontou pistas claras para o futuro, convocando a proposta cristã como resposta profundamente humana e atual: oferecer segurança e resiliência face à fragilidade, construir comunidade e relações de amor ao próximo contra a solidão, e promover uma cultura de pontes, tolerância e misericórdia num mundo marcado pela polarização. A Pastoral Juvenil é assim desafiada a ser espaço de encontro, esperança, cuidado e discernimento, onde os jovens se sintam acompanhados, escutados e capacitados para viver e testemunhar o Evangelho neste tempo concreto da história.
Lisboa, 18 de dezembro de 2025






