Começo a minha reflexão com uma profunda impressão causada, enquanto entrava numa igreja numa pequena cidade de Espanha, chamada Verín. Num pedestal venerava-se o Beato Pedro Vázquez, que é originário da terra. Pensei como não terá sido a sua passagem pelo mundo, e em especial naquela pequena cidade fronteiriça.

Se antes já me era claro que Deus nos chama a ser Santos, nas épocas mais urgentes, durante os períodos de maior instabilidade, guerra, fome, perseguições, prisões, como foi o caso daquele padre polaco, de nome Maximiliano Kolbe que sacrificou a sua vida num campo de concentração nazi para salvar um pai de família e que deu um testemunho incrível da alegria e paz que brotam de uma alma cristã, também o chamar alguém num lugar específico não pode ser obra do acaso.

Imagine-se o caso de Verín, onde nasceu o Beato Pedro Vázquez. Naquele tempo, haveria de ser uma cidade como as outras: atividades comerciais que ocupavam os habitantes e os passantes com mercados, escoamento de produtos locais, maior ou menor produção de bens agrícolas, carros que passam, gente que animam as ruas, situações do quotidiano, escolas onde as crianças aprendem a matemática e as letras, mães que preparam o almoço, pais que chegam a casa depois de um dia de jorna, conversas familiares, conjugais ou meramente entre amigos, mentes que ambicionam uma melhor situação social, outros que se regozijam com aquilo que lhes é dado, etc. Assim é a vida urbana.

Mas no meio de toda esta azáfama, surgiu alguém com um coração puro e que ousou ir além dos problemas mundanos.

Imagino que o Beato Pedro Vaz, sem conhecer a sua hagiografia (biografia do santo), teria tido um conhecimento privilegiado de Deus, entrara numa intimidade profunda com Ele e sabia exatamente quais os Seus desígnios e vontades, e cumprira-os, com obediência, reverência, coragem e com livre arbítrio. A menos que tenha sido um eremita, os conhecidos de Pedro Vázquez haveriam de notar essa diferença. Quem alcança o Altíssimo e se deixa tocar por Ele, não fica indiferente e chama os outros à conversão e a fazer essa experiência sobrenatural de relação com o Inacessível. Bem vistas as coisas, não foi só em Verín que isso aconteceu. Em todo o mundo, Deus chamou os seus Santos: Lisboa, Fátima, Loyola, Assis, Sena, Hipona, Tarso, Aquino, Tours, Milão, Ávila, Calcutá, etc.

Ser Santos: É essa a nossa vocação (Mt 5, 48)! Somos chamados a sê-lo, a imitar Cristo na Sua perfeição e irrepreensibilidade. A sermos testemunhas d’Ele, e levar o Seu nome àqueles que não O conhecem, através do nosso exemplo. Não pode haver melhor evangelização. Assim se explica que, naquele tempo, como narra o autor do livro dos Atos dos Apóstolos, diariamente se acrescentavam à salvação das almas, cerca de 3 mil não-crentes.

E hoje, como sempre, precisamos de Santos. Vós todos! Jovens, rapazes e raparigas, que sejam mansos mas não tenham medo de envergar a espada; que busquem em tudo a perfeição dos seus atos e comportamentos; que corrijam os seus defeitos e se enraízam na Palavra de Deus para tenderem à sublimidade; que amem os Sacramentos da Igreja; que através da Caridade transmitam este Amor aos que não O conhecem; que sejam contra-culturais naquilo que a sociedade moderna nos ensina, mas que nós sabemos por conhecimento das Escrituras que é errado; que se vistam modestamente e respeitem o parceiro, para o conduzir à salvação; que sejam reflexo da graça de Deus e combatem o mal pela raiz; que levem Jesus no coração e não tenham medo de proclamar a sua fé, mesmo nos ambientes mais hostis.

Esta é a missão que nos foi dada e é talvez a mais difícil de todas. Mas lembrem-se: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5). Só firmes e edificados em Jesus Cristo poderemos levar a cabo esta responsabilidade que nos é confiada, de superarmos a nós mesmos e aperfeiçoarmos, e que no fim nos dará aquele gozo de que falava S. Paulo: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1, 21).

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