A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos organizou um seminário internacional sobre a realidade dos jovens no mundo, entre 11 a 15 de setembro, em Roma. Os jovens presentes afirmaram que são “uma família, vamos ouvir e crescer juntos”.

Na oitava e última sessão, os jovens apresentaram um vídeo onde resumiram a sua experiência na frase: “Somos uma família, vamos ouvir e crescer juntos”. A partir deste slogan surge o desejo de encontrarem na Igreja “um lar, uma família e uma comunidade onde possam desenvolver suas escolhas de vida e contribuir para o bem comum”.

Depois, foi apresentado um resumo geral do trabalho dessa semana onde com “premissas e condições” para acompanhar as novas gerações, bem como o empenho e desejo da Igreja em responder às “demandas dos jovens para serem protagonistas na construção de um mundo melhor”.

O secretário-geral do Sínodo concluiu os trabalhos e afirmou que a Igreja, “ouvindo os jovens, deseja ser estimulada” para a “renovação missionária invocada pelo Papa Francisco”.

“Interessantíssimos! Porque vinham de diferentes setores sociais. Por exemplo, um ex-preso, um jovem da Síria, depois naturalmente de ter sofrido toda a problemática da guerra.
Tivemos também a presença de um jovem do mundo da música rock e sobretudo no assunto direto de web, de todos estes meios de comunicação, e também um testemunho de Austrália onde tem uma situação político e económica particular.
Tudo isto para nós é muito importante, dentro de um contexto de reflexão científica, com experts de todo o mundo, de todos os continente”, comentou o cardeal Lorenzo Baldisseri, no dia seguinte (12 setembro) à Rádio Vaticano.

“A Igreja que escuta os jovens, e os jovens que escutam a Igreja, e juntos a gente vai encontrando as respostas. Esse é o Sínodo!
Porque às vezes a gente pensa que é muito complexo entender o jovem, mas no final a gente percebe que o jovem é simples, que o jovem quer coisa grande, que o jovem quer ser protagonista e que o jovem quer ser amado e escutado”, disse Vitor à Rádio Vaticano, missionário da Comunidade Shalom que vive em Roma.

A presença de jovens de diferentes contextos geográficos, socioculturais e religiosos foi “particularmente significativa”. Contribuíram ativamente para os dias de estudo, incluindo a introdução e conclusão dos trabalhos com as suas experiências e reflexões, explica o comunicado da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos.

O Seminário Internacional sobre a realidade da Juventude no Mundo foi um dos momentos de preparação para a (15.ª) Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre ‘Juventude, Fé e discernimento vocacional’ (outubro de 2018) e realizou-se entre 11 e 15 de setembro, no auditório da Cúria Geral dos Jesuítas, em Roma.

Participaram 82 pessoas dos cinco continentes: 21 jovens, 17 especialistas de universidades eclesiásticas, 15 especialistas de outras universidades, 20 formadores e profissionais de pastoral juvenil e profissional, 9 representantes das organizações da Santa Sé. 52 participantes eram europeus, 18 das Américas, 7 asiáticos, 4 africanos e 1 australiano.

«Jovens e identidade, juventude e planeamento, jovens e outras pessoas, jovens e tecnologia, jovens e transcendência» foram os temas do programa.

A cada tema foi dedicada uma sessão. Todas as comunicações foram seguidas por um grande debate que se prolongou nos círculos de idiomas: Italiano, inglês, francês e espanhol.

O cardeal Lorenzo Baldisseri inaugurou o encontro e logo na primeira sessão cinco jovens, entre outros temas falaram de situações concretas de conflito de guerra, recuperação de valores, confronto com desafios diários, envolvimento e escolhas de vida.

Na terça-feira foram realizadas duas comunicações relacionadas com a procura da identidade e “os locais que moldam a identidade dos jovens”. Surgiram várias outras questões, incluindo a importância da educação na formação de uma identidade completa que responda à necessidade de orientação e reconciliação compartilhada por muitos jovens.

O tema do planeamento foi abordado na tarde do segundo dia com ‘Jovens e Trabalho’ e ‘Juventude e Migração’ e o trabalho aconteceu desse entrelaçamento uma vez que muitos jovens emigram não só para escapar a situações de violência e guerra mas também para construir um futuro melhor que parece excluído nos países de origem.

Já na quarta-feira refletiram sobre os ‘Jovens e o Compromisso Social’ e ‘Jovens e compromisso político’. Foi constatado que a devido à “desconfiança geral no mundo da política” os jovens preferem envolver-se “socialmente em projetos solidários”.

Ainda na tarde do dia 13 de setembro o seminário internacional refletiu sobre as tecnologias a partir dos temas – ‘Jovens e futuros desenvolvimentos tecnológicos’ e ‘Os jovens e os aspectos antropológicos do desenvolvimento tecnológico’. Realce para a relação dos jovens com as novas tecnologias dos meios de comunicação social que “abre novos horizontes” que, por um lado, “causam problemas complexos” a nível antropológico, moral e relacional, e, por outro lado, “oferecem caminhos interessantes para a evangelização”.

O penúltimo dia de encontro começou por ser dedicado à ‘transcendência’ a partir de apresentações sobre: ‘Jovens, Sagrado e Fé’ e ‘A Juventude e a Igreja’. Segundo o comunicado os conferencistas mostraram como a pesquisa do transcendente “já foi vivida hoje pelos jovens”, não só através de várias formas de espiritualidade, mas “também dentro da Igreja que em muitos casos apresenta a pessoa de Jesus de forma envolvente, aberta para ouvir os jovens”.

Na sétima sessão foi apresentado um resumo do trabalho dos vários círculos linguísticos e depois o reitor da Universidade de Roma ‘La Sapienza’, Eugenio Gaudio, falou sobre a juventude e a universidade.

De realçar que o responsável pelo setor dos jovens no Dicastério para os Leigos, Família e Vida (Santa Sé) considerou que o encontro “foi um passo muito importante” no percurso para o Sínodo 2018. Em entrevista o padre João Chagas disse que escutar os jovens deve tornar-se “uma coisa cada vez mais natural”.

O padre Zezinho considera que “o segredo de trabalhar com o jovem é: deixar falar”.

“Se deixar os jovens falarem, depois eles vão querer ouvir a Igreja. E depois quem fala é a sabedoria dos adultos. Eles respeitam e veneram um adulto que deixa eles falar. É só uma questão de um ouvir o outro”, acrescentou o sacerdote brasileiro à emissora católica.

Durante o seminário internacional foram utilizadas as redes sociais – Facebook, Twitter e Instagram – com o nome «Synod2018» que agora estão acessíveis para quem quiser seguir as suas publicações.

De recordar ainda que o encontro em Roma terminou a 15 de setembro e nessa noite o sacerdote italiano Rossano Sala apresentou o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional» (conferência), em Lisboa. O padre Salesiano que também esteve no seminário internacional é “um dos maiores especialistas mundiais” em pastoral juvenil e faz parte da equipa de trabalho do Sínodo dos Bispos 2018.

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