Comissão Episcopal do Laicado e Família
São muitos os avós que, neste tempo de verão, contam os dias e as horas para ir ao aeroporto abraçar os filhos e netos de volta a casa. Outros preparam as malas para ir ao encontro daqueles que não podem vir. Há também quem vá olhando para a estrada por onde esperançosamente hão-de chegar.
Hoje em dia é, felizmente, muito frequente ver os avós presentes e atuantes na vida do dia a dia dos netos: acompanham-nos à escola e à catequese, brincam e passeiam com eles, tratam-nos quando estão doentes. Tudo isto, e muito mais, é expressão de um amor incondicional que marca indelevelmente a vida.
De facto, os avós, mesmo à distância, acompanham, protegem, sossegam, ajudam, encorajam, enfim, educam e ajudam a preparar para a vida os seus netos, sendo, em muitos casos, a sua grande referência e o seu porto de abrigo.
Que os encontros e reencontros, deste tempo de verão, sejam ocasião propícia para que os avós transmitam os grandes valores humanos e cristãos aos seus netos. Com o testemunho e também com a palavra, os avós poderão falar-lhes de Jesus, transmitir a fé, despertar o desejo de Deus e mostrar a beleza do Evangelho e do estilo de vida que nos propõe. Assim os avós cristãos poderão colorir os múltiplos espaços cinzentos da vida atual com a fraternidade, sensibilidade social, defesa das pessoas frágeis, com fé luminosa e a esperança ativa (cf. AL 192, PAPA FRANCISCO, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia [AL]).
Não basta que os avós passem para as mãos dos netos instrumentos eletrónicos sofisticados e reconhecer neles as competências inatas para lidar com as novas tecnologias. É cada vez mais urgente ajudá-los a interiorizar que a comunicação, a ternura, a relação, o olhar e o abraço humanos são insubstituíveis. Importa que aprendam que é mais importante escutar, contemplar, conversar, partilhar, discutir e interagir com pessoas do que lidar com máquinas. Mesmo que isto implique enfrentar algumas resistências, ou obrigue a voltar um pouco atrás no tempo, ou seja, àquele tempo em que ninguém tinha medo de, por vezes, se desentender, porque se encontrava sempre o caminho fecundo da reconciliação. Há que não ter medo de ter uma conversa mais séria ou dura, daquelas que podem levar a um caloroso abraço.
Que todos os netos saibam valorizar o papel insubstituível dos seus avós e de todos os idosos. Neste sentido, é bom recordar a palavra da Sagrada Escritura: “Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, pois eles os aprenderam com seus pais” (Ecl 8, 11) e ainda “não me rejeites no tempo da velhice; não me abandones, quando já não tiver forças” (Sl 71, 9).
Não podemos aceitar uma mentalidade de impaciência, de indiferença, de desprezo e muito menos tolerar qualquer forma de violência, exploração ou abuso em relação aos mais velhos. Devemos sim despertar o sentido coletivo de gratidão, apreço, hospitalidade, que faça o idoso sentir-se parte viva da nossa família, comunidade e sociedade (cf. AL 193).
Com todos os avós celebramos a esperança que a alegria dos netos suscita em seus corações neste e em todos os dias. Congratulamo-nos com o dom e a fecundidade das suas vidas!
Unimo-nos aos netos e com eles felicitamos os avós neste dia que lhes queremos dedicar com alegria e gratidão!
Ao celebrarmos a memória litúrgica de São Joaquim e Santa Ana, pais da Virgem Santa Maria, a Mãe de Jesus e Mãe nossa, pedimos para todos a sua intercessão e bênção.
Comissão Episcopal do Laicado e Família
(mensagem em leigos.pt)