Rita Santos,
Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Teologia (UCP – Lisboa)
Aluna do 3º ano da Licenciatura em Ciências Religiosas
“Ciências Religiosas? Mas isso é um curso?” ou “Teologia? Mas és rapariga, não podes ser padre”. Estas têm sido as perguntas mais frequentes nos últimos três anos quando, por algum motivo, falo do meu percurso académico.
Confesso que nem sempre esteve nos meus planos optar por um “curso-mistério”… De facto, esse foi mesmo um contratempo feliz de última hora! Para uma “miúda” cuja vida se pautava pelo desporto e que foi admitida ao curso de Direito em Coimbra, deixar tudo isso para ingressar num curso que é desconhecido da grande maioria da sociedade pode soar a loucura. E ainda bem. Hoje, a um semestre de terminar a minha licenciatura, reconheço que esta foi uma das melhores loucuras da minha vida!
O atletismo sempre foi uma grande paixão, porém, o sonho das Ciências do Desporto foi tomado por uma forte indecisão. O mesmo sucedeu com o caso do Direito, que creio ter sido mais uma escolha “só porque sim” do que propriamente uma decisão ponderada.
Na verdade, durante todo o meu percurso escolar, desde o 1º ao 12º ano, foi a EMRC que veio consolidar aquela que viria a ser a derradeira escolha.
Face a uma experiência muito forte na disciplina de EMRC ao longo de todos esses anos, e em concreto no Ensino Secundário, no final do 12º ano comecei a ponderar a hipótese de dar a minha vida àquela disciplina. Recordo-me de olhar para os meus professores e querer ser como eles; de estar com os meus colegas e querer que outros jovens tivessem a graça de viver o que nós vivíamos. Assim, o meu 12º ano foi marcado por uma forte inquietação, pela experiência de ouvir a voz de Alguém que, fixando os meus olhos, me chamava e me dizia: Vem!
Em setembro de 2015, já em Lisboa, na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, o sonho de ser professora de EMRC começava a pintar-se de cores cada vez mais alegres! Acabada de vir da Escola Secundária de Peniche, percebo que sou a única aluna da Licenciatura em Ciências Religiosas nessa situação. Por outro lado, ao frequentar também algumas disciplinas do Mestrado Integrado em Teologia, percebo que, afinal, Teologia não é só para padres! Aliás, existem mulheres a estudar! – quem diria?!
Assim, na UCP, em concreto na pequena e familiar Faculdade de Teologia, rapidamente percebi que frequento um espaço de pessoas e para pessoas, que privilegiam as relações e o contacto entre si. Ali, em concreto, a missão da universidade concretiza-se nas aulas, no estudo e na investigação, mas também na partilha, na vivência e na unidade do todo da Academia. Por outro lado, sendo “nodal” para a UCP, a Teologia procura dar relevo aos valores do Evangelho, concretizando-os no espaço da universidade.
No seu discurso da tomada de posse, a Reitora da UCP, a Prof. Doutora Isabel Capeloa Gil afirmou que “não somos obra perfeita, somos projeto e risco”. Desse modo, do “falar responsável sobre Deus” ao espírito de comunhão vivido entre alunos e professores, creio que a Faculdade de Teologia se destaca pelo seu rigor, empenho e compromisso. Numa sociedade cada vez mais secularizada, em que a questão de Deus está cada vez mais afastada da esfera pública, é urgente uma afirmação da Teologia enquanto área do saber viva e com lugar na universidade.
Ao celebrar o 50º aniversário da UCP, sendo finalista, a um passo de poder concretizar o sonho de, com as crianças, adolescentes e jovens, construir uma “civilização de amor”, expresso a minha felicidade e gratidão pelo percurso já percorrido. 50 anos de Verdade, Coerência, Compromisso e Responsabilidade, de uma Instituição assente em valores cristãos e humanos; 50 anos de uma Universidade sem muros, que vai para além das infraestruturas e se edifica nas pessoas, que são o melhor da humanidade.
“Pelo sonho é que vamos (…) Basta a fé no que temos. Basta a esperança naquilo que talvez não teremos. (…) Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.” – Sebastião da Gama
Rita Santos,
Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Teologia (UCP – Lisboa)
Aluna do 3.º ano da Licenciatura em Ciências Religiosas