“Jesus, confio em Ti
Amo-te como és”
É esta a mensagem da divina Misericórdia.
Tudo começou no lugar onde nasceu João Paulo II
A devoção à Divina Misericórdia iniciou-se com as revelações de Jesus a Santa Faustina Kowalska, religiosa polaca da Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia, que viveu entre os anos 1905 e 1938.
Na festa da sua beatificação o Papa S. João Paulo II fez um ato de consagração do mundo à Misericórdia Divina, no Santuário da Divina Misericórdia, em Cracóvia: Daqui deverá sair também uma nova esperança para o mundo e cumprir-se o que Jesus disse a Sta Faustina “daqui sairá a centelha que anunciará ao mundo a minha última vinda”.
Também este ano o Papa Francisco, propôs-nos, no caminho das Bem-Aventuranças celebrar o Jubileu da Misericórdia – jubileu dos jovens, na Jornada Mundial da Juventude, na mesma cidade de Cracóvia, com o tema “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), para que do lugar do coração de Jesus misericordioso, sejam os jovens a espalhar pelo mundo a beleza da Misericórdia desconcertante do Pai.
O Papa Francisco, neste Ano Jubilar da Misericórdia, convida os jovens de todo o mundo «a redescobrirem as obras de misericórdia» corporais e espirituais. Na mensagem para a XXXI Jornada Mundial da Juventude o Santo Padre propõe «a escolha de uma obra de misericórdia corporal e outra espiritual».
Este é o desafio que cada um de nós é convidado a enfrentar, para nos envolver, comprometendo-nos com a vida, porque as obras de misericórdia levam-nos sempre ao encontro com os irmãos, a olharmos os que nos rodeiam, de coração a coração. Ainda neste contexto cruzar o limiar da Porta Santa é também uma incitação a libertarmo-nos de tudo aquilo que torna o nosso coração pesado e insensível e que não nos deixa caminhar ao encontro daqueles que esperam de nós gestos concretos de misericórdia.
A estreita união entre o mistério da Redenção e o da Misericórdia de Jesus são a chave para a leitura do pedido de Jesus a Santa Faustina: que no primeiro domingo depois do dia de Páscoa fosse dedicado de modo especial à Divina Misericórdia.
Olhemos os Santos Evangelhos. No Evangelho do Domingo da Divina Misericórdia lê-mos: «Jesus veio, pôs-Se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! E mostrou-lhes as mãos e o peito» (Jo 20,19-20). Jesus mostrou-lhes as Suas chagas, e os discípulos puderam reconhecer que não se tratava de uma visão, mas que estavam em presença do Vivente, Ele mesmo, o Senhor, o Ressuscitado, e encheram-se de alegria. Oito dias depois, Jesus veio de novo ao Cenáculo, atravessou as portas fechadas e mostrou as chagas a Tomé, a fim de que as tocasse, como previamente ele exigira para poder acreditar e tornar-se, também ele, testemunha da Ressurreição.
Naturalmente, pelos séculos fora, a Igreja sempre celebrou com muito amor a dúvida de Tomé, e particularmente o seu temor e confissão de fé.
Deste modo, aquando da Beatificação de Santa Faustina, no ano 2000, São João Paulo II acabaria por concretizar o pedido de Jesus, oficializando a Festa da Divina Misericórdia. A partir desse ano o segundo Domingo de Páscoa, o Domingo da Divina Misericórdia, o Senhor mostra-nos também a nós através do Evangelho as Suas chagas. São chagas de Misericórdia, porque «pelas suas chagas fomos curados» (Is 53,5).
A todos, não apenas aos primeiros ou aos segundos, mas aos discípulos e discípulas de todos os tempos cuja bondade é boa, Jesus convida-nos a contemplar as Chagas, convida-nos a tocá-las – como fez com Tomé – a fim de curar a nossa falta de fé e as feridas do nosso pecado. Não convida apenas a tocar; convida-nos, sobretudo, a entrar no mistério destas chagas, que é o mistério do Seu amor misericordioso. Através delas, como que por uma brecha luminosa, podemos ver todo o mistério de Cristo e de Deus: a Sua vida terrena – cheia de compaixão pelos pequeninos e pelos doentes; e a Sua Paixão. Misericórdia significa isso mesmo “coração compadecido” (da junção de duas palavras em latim: miseratio (compaixão) + cordis (coração))
Este ano a celebração do «Domingo da Divina Misericórdia» vem reforçar nos nossos corações a consciência da graça deste jubileu, porque temos um ano inteiro para apurar a nossa sensibilidade espiritual convidada a celebrar a misericórdia de Deus.
Este é o tempo favorável para tratar as feridas, para oferecermos a todos o caminho do Perdão e da reconciliação.
Convirá, por isso, atender aos textos de S. Faustina Kowalska, que nos deixou alguns elementos da devoção à Divina Misericórdia. Encontramo-los transcritos no seu Diário escrito a pedido de Jesus.
Damos a conhecer cinco elementos:
- A Imagem de Jesus Misericordioso
No dia 22 de fevereiro de 1931, Santa Faustina teve uma visão de Jesus vestido de túnica branca, com a mão direita levantada para abençoar, e a esquerda sobre o peito, de onde saíam dois raios, um vermelho e outro branco. Disse-lhe Jesus: «Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás ver, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Prometo a quem a venerar aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte. Eu mesmo o defenderei como a Minha própria glória.» Santa Faustina perguntou o significado dos raios da imagem. Jesus respondeu: «O raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas».
- A Festa da Misericórdia
O Diário de Santa Faustina revela que esta festa é um desejo expresso de Jesus: «Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha Misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia». Jesus deu a essa Festa tamanha importância que chegou a dizer: «O Meu coração se alegra com essa Festa».
- A Novena à Misericórdia
Cada dia da novena inicia-se com uma intenção particular, proposta pelo próprio Senhor. Santa Faustina acata as intenções propostas e compõe uma série de pequenas orações. Jesus disse-lhe: «Desejo que, durante estes nove dias, conduzas as almas à fonte da Minha misericórdia, a fim de que recebam força, alívio e todas as graças de que necessitam. (…) Cada dia, conduzirás ao Meu Coração um grupo diferente de almas e as mergulharás nesse oceano da Minha misericórdia».
- O Terço da Misericórdia
Trata-se de outra forma de devoção ensinada por Jesus a Santa Faustina, tal como ela testemunha: «O Senhor disse-me: Essa oração serve para aplacar a Minha ira. Tu a recitarás por nove dias, por meio do Terço do Rosário, da seguinte maneira: Primeiro dirás o “Pai Nosso”, a “Avé Maria” e o “Credo”. Depois, nas contas de Pai Nosso, dirás as seguintes palavras: “Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade do Teu muito Amado Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos de todo o mundo”. Nas contas de Ave Maria, rezarás as seguintes palavras: “Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do o mundo”. No fim, rezarás três vezes estas palavras: “Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e de todo o mundo”».
- A Hora da Misericórdia
A forma de culto à Misericórdia Divina é a recordação da hora em que se deu a morte redentora na Cruz, hora em que do coração de Cristo, jorraram Sangue e Água como fonte de misericórdia para nós. Eis as palavras de Jesus: «Às três horas da tarde, implora à Minha Misericórdia, especialmente pelos pecadores e, ao menos por um breve tempo, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que Me encontrei no momento da agonia. Esta é a Hora de grande misericórdia para o Mundo inteiro. Permitirei que penetres na Minha tristeza mortal. Nessa hora nada negarei à alma que Me pedir pela Minha Paixão. Esperamos que você possa conhecer cada vez mais e se beneficiar da fonte inesgotável de graças que Jesus prometeu conceder por esses meios».
Estes cinco meios de devoção, podem ser, estamos convencidos, um caminho simples – porém, excelente! – para conduzir o nosso coração rumo à conversão, muito especialmente neste Ano Jubilar da Misericórdia.
Não temos um Pai de coração bom que há muito nos espera ansioso?
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