Dividido em três capítulos, o Unitatis redintegratio aborda inicialmente os princípios católicos do ecumenismo, que tem as suas bases na teologia paulina: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. O Concílio recorda que Cristo atribuiu aos Doze a função de ensinar, governar e santificar, tendo Pedro como centro. Desde os primórdios houve cisões na Igreja (ver por exemplo 1COR 11,18-19 e GL 1,6-9), mas ao longo da história houve grandes cisões, as quais o movimento ecuménico procura unir, superando obstáculos doutrinais e disciplinares. Os passos dados pelo Concílio são importantes, pois as Igrejas separadas são reconhecidas como «meios de salvação» onde Deus age e incentiva à comunhão através da ação ecuménica.
O YOUCAT, como legítimo herdeiro do Concílio Vaticano II (o seu “neto”, poderíamos dizer), procura desenvolver e promover esta mesma visão unitária da fé cristã. O Catecismo em si, do qual o YOUCAT herda a estrutura fundamental, foi construído sobre quatro pilares comuns para todas as Igrejas cristãs: profissão de fé no Deus Uno e Trino, Sacramentos, 10 mandamentos, Pai-Nosso. Estes quatro pilares edificam a “casa” de todo o cristão, o nosso oikos (lugar onde se vive, espaço onde se desenvolve a vida doméstica), de onde deriva a palavra oikoumene.
No Novo Testamento, esta palavra é usada em várias ocasiões para se referir ao “mundo inteiro”, a “toda a terra”, e também ao “mundo vindouro”. No sentido tomado pelo Concílio, o termo “ecuménico” representa a unidade da Igreja de Cristo que vai além das diferenças geográficas, culturais e políticas entre as diversas Igrejas. É o esforço de procurar a unidade na diversidade, de compreender a Igreja enquanto relação e não como sociedade perfeita. A Igreja enquanto Povo de Deus e Corpo de Cristo procura dialogar para promover sempre mais a comunhão deste único Corpo, conforme nos ensina São Paulo: “Há um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo.” (EF 4,4-5)
Neste sentido, o YOUCAT pode também se tornar uma preciosa ajuda no diálogo ecuménico. Em primeiro lugar porque aborda o tema diretamente em algumas das suas questões, como os nn. 129-145. Ali lemos por exemplo que: “Independentemente da idade, a unidade dos cristãos diz respeito a todos.
A unidade foi um dos mais importantes desejos de Jesus” (n. 131). Neste mesmo número lemos que “Para que desapareça do mundo o escândalo da divisão é preciso a conversão de todos os interessados, mas também o conhecimento das próprias convicções de fé e uma discussão teologicamente séria”. Ou seja, para podermos dialogar, é preciso saber profundamente em que acreditamos, é preciso ter uma fé madura e esclarecida. E é precisamente este o objetivo principal para o qual nasceu o YOUCAT, para oferecer a todos os jovens um instrumento simples e confiável que favoreça o seu crescimento na fé. Somente fortalecidos na fé podemos “permanecer em Cristo” e dialogar construtivamente com os irmãos das outras Igrejas cristãs.
Numa sociedade fortemente marcada pelo secularismo e pela recusa constante das suas origens cristãs, é de fundamental importância a união entre todas as Igrejas, a fim de nos fortalecermos mutuamente na fé, compartilhar experiências e buscar alternativas viáveis para a construção de um mundo novo.
*religioso paulista