Quaresma é o tempo que se repete em cada ano, para os cristãos, no tempo que antecede a festa da Páscoa, a festa do Cristo vivo! O desafio é não fazer deste tempo a mera repetição; é fazer dele uma oportunidade única de pararmos, de crescermos, de nos renovarmos, de nos encontrarmos, de renascermos…
E de repente o tempo não pára só porque começámos um tempo diferente…
E de repente o dia-a-dia continua a ter o mesmo grau de exigência ou até talvez um pouco mais… E de repente os dias sucedem-se carregados de desafios, de alegrias e de angústias…
E de repente estamos na Quaresma! O desafio é mesmo este: florir, renascer, redescobrir, reconciliar, reinventar, no meio do mesmo ritmo, dos mesmos dias, dos desafios, das angústias e das alegrias. É aqui, no mundo de cada dia que a Quaresma tem que acontecer.
Entendo este tempo como a hora da preparação. Tal como nos dedicamos cuidadosamente a preparar os grandes momentos da nossa vida – uma festa de aniversário, um final de curso – atentos a todos os pormenores, esta é a preparação da FESTA MAIOR dos cristãos. Por isso falamos de um caminho interior que nos aproxima de nós próprios, dos outros e de Deus, no silêncio e leitura, na atenção e partilha com os outros, na oração e reconciliação.
Eu procuro ajudas para o caminho… E há muitas disponíveis, nas plataformas digitais – http://www.jdlisboa.pt/crossover/; http://www.passo-a-rezar.net/; https://www.facebook.com/edicoesalesianas; – propostas diárias para apoiar a oração e reflexão pessoais.
Este ano a Diocese de Aveiro vive uma hora diferente, a hora da Missão Jubilar Diocesana, para celebrar os 75 anos da restauração da Diocese e por isso a minha Quaresma tem também um sabor diferente, marcada por 3 catequeses quaresmais a acontecer em todas as paróquias em simultâneo e por um dia de deserto em cada um dos 10 arciprestados, com espaço para o silêncio, a oração e o sacramento da reconciliação.
Olho para a Quaresma como um tempo de ação, como escrevia o Pe.Tolentino de Mendonça “Varrer… Varrer é um verbo ativo. Não fico apenas a lamentar o sucedido. Aceito «varrer», limpar, transformar, aclarar. Amontoam-se poeiras e desordens de todo o tipo…
A nossa procura de conversão não é exterior. Não pretendemos chegar a fazer uma tabela ou uma lista onde amontoamos as nossas imperfeições, como se entre elas não existisse um nexo… e nesse nexo não estivesse, de facto, o que eu sou…” .
Esta é a hora da conversão! É a hora de varrer na verdade daquilo que sou!
Ondina Matos | DNPJ