Foi a primeira vez que aconteceu e, na minha humilde opinião, todos ficámos a ganhar: ganharam as equipas organizadoras, que souberam sair dos seus habituais esquemas de trabalho, e, certamente com muita humildade e dedicação, puderam por de pé um evento em comum muito válido; ganhámos todos nós, os participantes, porque nos juntamos em “frente comum” os “dois gumes” da “espada” da Igreja: a juventude e a evangelização. Deus permita e os homens queiram, que esta comunhão e colaboração, assim como outras possíveis (vocação, família, por exemplo), possam e proporcionar bons momentos como os deste fim de semana.

O tema “Missão @ad gentes: Ide e anunciai”, ainda com o pano de fundo das Jornadas Mundiais de Juventude 2013, proporcionou momentos fecundos de reflexão e oração e deixou em todos a grande convicção que a chave da missão e da evangelização é o testemunho. Testemunho pessoal e comunitário.

Deus continua hoje, como sempre, presente na nossa história. Continuamente se incarna e se manifesta, aproveitando os espaços e tempos sociais e culturais que habitam a humanidade e onde esta habita. Cabe a nós, cristãos, agentes pastorais, animadores, saber reconhecer estes sinais do Deus incarnado no nosso meio, no coração de cada pessoa, que é o espaço, por excelência, da evangelização.

Creio que é nesta leitura que teremos de clarificar a nossa fé, o nosso “ser Igreja”, o kerygma de Jesus cristo a anunciar e propor a todos, de modo particular aos jovens, como “lugar de missão,” na sua novidade e diferenças. O que queremos fazer com os jovens? Que Igreja construímos? Que sociedade idealizamos? São algumas das questões que não podem deixar de nos inquietar permanentemente. Creio ser essencial que a experiência de fé se torne um deslumbramento afectivo e efectivo, para que o Deus de fora, exterior, estrangeiro, se torne em Deus de dentro, meu, pessoal, incarnado em cada pessoa.

Não nos podemos esconder por trás de slogans baratos e vazios, para desculpar alguma inércia, apatia e passividade das nossas instâncias de Pastoral Juvenil e missionária. As palavras do Papa Francisco aos jovens, nas JMJ do Rio “ide, sem medo, para servir” é um desafio aos jovens, mas extensivo aos cristãos de todas as idades para que a Igreja seja fiel a Cristo e à missão recebida. De modo particular, os agentes pastorais têm aqui uma responsabilidade premente de testemunho, animação, formação e encorajamento, a todos os cristãos, em geral e jovens em particular, nas nossas comunidades paroquiais.

Todos sabemos que a evangelização hoje não é fácil (se é que algum dia o foi!). Campos até há pouco desconhecidos, esquecidos ou até marginalizados como o da cultura, da economia, da família, da bioética, alargam horizontes à evangelização, colocam novos desafios e exigem novas respostas. Neste vasto campo da vinha do Senhor somos todos convidados a um empenho cada vez maior de coragem e alegria para propor o encontro com Cristo, no respeito pela liberdade de cada pessoa.

Neste evento ficou patente mais uma vez o longo caminho que temos ainda a percorrer para potenciar ao máximo os nossos recursos, meios e energias. O tempo escasso dado para as conferências e painéis não proporcionou nem partilha, nem questionamento. Convidar pessoas tão ilustres para nos ajudar na reflexão e crescer no empenho, vindas de tão longe para falarem durante 15 ou 20 minutos, carece de bom senso e parece-me mais um desperdício que uma mais valia.

No entanto, este foi um momento de graça e bondade de Deus. Esperamos todos que ele se repita, com mais ardor, entusiasmo e alegria, no próximo ano.

Leonel Claro

Share
Share