Encontro Formativo 3 - Maria, Mãe da Misericórdia
1. Introdução/objetivos
Na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (Misericordiae Vultus), o Papa Francisco escreve: «Depois do pecado de Adão e Eva, Deus não quis deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal. Por isso, pensou e quis Maria santa e imaculada no amor (cf. Ef 1, 4), para que Se tornasse a Mãe do Redentor do homem. Perante a gravidade do pecado, Deus responde com a plenitude do perdão. A misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado, e ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa» (MV 3).
Mais adiante, no n. 24, acrescenta: «Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor».
Por isso, propomos aos jovens este momento formativo, a pensar que a vida de Maria é a melhor escola para se aprender a fazer a experiência da Misericórdia. Podemos, desde já, que esta escola tem uma porta de entrada e uma porta de saída: a de entrada pode-se contemplar no texto Jo 19, 25-27, junto à Cruz de Jesus; a de saída pode ser contemplada no texto Lc 1, 39-45, que desenvolve, na prática, a iniciativa do “Sim” de Maria ao Arcanjo na aproximação à sua prima Isabel, necessitada de auxílio. A experiência de proximidade da Cruz é, para Maria, algo já aprendido com o compromisso definitivo da sua entrega no início e ao longo do caminho, no acompanhamento dos vários mistérios da vida de Cristo.
Como diz Francisco, «ao pé da cruz, Maria, juntamente com João, o discípulo do amor, é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de Jesus. O perdão supremo oferecido a quem O crucificou, mostra-nos até onde pode chegar a misericórdia de Deus. Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém» (MV 24). Referindo-se a Maria, diz: «o seu cântico de louvor, no limiar da casa de Isabel, foi dedicado à misericórdia que se estende “de geração em geração” (Lc 1, 50)» (MV 24).
Fazer a experiência da misericórdia a partir da escola de Maria, implica sempre saber e deixar que o caminho de conversão é, ao mesmo tempo, uma caminho de vocação, quer dizer, o acolhimento do perdão de Deus que nos transforma a vida não se compagina com a inércia, mas com a oferta da vida através de uma entrega por uma forma estável de existência. Maria não se deslocou ao encontro de sua prima para, depois, regressar a uma existência trivial, mas para deixar acontecer todas as surpresas que Deus lhe reservara com a escolha de Bem-aventurada. Assim, a vocação que cada um acolhe com o primeiro passo da conversão (que é preciso constantemente retomar com a experiência da misericórdia de Deus), é uma bem-aventurança que só se conclui com o cumprimento da promessa de um futuro feliz para cada um, já a iniciar neste mundo, e a consumar-se na plenitude da vida eterna.
Quem “se mete” com Maria não pode menos que fazer o percurso que Ela mesma percorreu como primícia da humanidade. Ao mesmo tempo, é Mãe da Misericórdia, protegendo-nos daquilo que pode atrapalhar esta peregrinação até à felicidade plena.
Objetivos:
· Preparar a participação dos jovens na peregrinação do Fátima Jovem, na qual os mesmos serão convidados a fazer a experiência do Jubileu da Misericórdia;
· Refletir sobre o ideal de felicidade que é escolhido por quem se aventura no caminho da realização das obras de misericórdia;
· Apontar «Maria, Mãe da Misericórdia» como inspiração e auxílio da caminhada vocacional dos jovens.
2. Dinâmica
A reunião começa com a projeção do vídeo: “Mary did you know?”, pode ser encontrado em:
https://www.youtube.com/watch?v=oq0rQRXhZjk
Depois da projeção do vídeo, entregar uma fotocópia da letra (anexo 1) deixar uns breves segundos em silêncio, para que os jovens possam assimilar o conteúdo.
De seguida, pedir que se distribuam em pequenos grupos (4 a 6 elementos) para partilhar acerca dos seguintes aspetos:
· Procura compreender o caminho que fez Maria desde que disse “Faça-se em mim” até que assistiu à morte e ressurreição do seu filho.
· Que terá sentido em cada momento? No momento em que o anjo lhe faz a proposta (Lucas 1)? No momento em que visita a sua prima (Lucas 1, 39ss)? No momento em que Jesus sofre o calvário (João 19)? No momento em que Jesus ressuscita
· Terá Maria sido feliz? O que a terá levado a viver com serenidade e confiança em cada momento?
· Porque será que deram o título de “Mãe de Misericórdia” a Maria?
NOTA: É necessário providenciar que cada grupo tem acesso a uma bíblia, no caso de desejarem consultá-la.
Depois de fazerem o trabalho proposto o animador propõe um plenário no qual cada grupo apresenta as conclusões das duas últimas questões.
O animador aprofunda as conclusões desde as seguintes notas:
· Maria começou o caminho com um Sim. E foi dando pequenos sins a cada momento. Desde esta adesão ela foi construindo a sua vida em profundidade, atenta aos planos de Deus, que fizeram dela uma mulher profundamente realizada e, portanto, feliz.
· O caminho de Deus é feito por etapas, de pequenos sins em pequenos sins… Até que Maria foi capaz de dar grandes sins e acompanhar Jesus na Cruz.
· Maria é mãe de misericórdia, pois vai dando pequenos sins no caminho de experimentar a misericórdia (o amor de Deus) e permitir que os outros o experimentassem. Esses sins fizeram dela mãe de Jesus e mãe de todos os seguidores Dele, ou seja, mãe de cada um de nós. Nesse sentido, podemos sempre contar com ela a cada momento da nossa vida.
Aplicando ao nosso caminho de fé:
· Também nós somos convidados a ir dando pequenos sins, em cada dia, cada hora. Sem complicar-nos e com simplicidade e confiança.
· Dar cada sim com a convicção de que é mais um passo no caminho da fé, do seguimento de Jesus, de uma vida realizada e feliz.
· Cada sim aproxima-nos de Deus e da vocação que estamos chamados a viver.
3. Oração
I Jogral: Se não houver… quem o fará?
(Leitor 1:)
“A misericórdia é a caraterística fundamental do agir de Deus, como nos revela a Sagrada Escritura, que descreve todas as ações de Deus como história de salvação. Nas suas palavras e ações, Jesus manifesta a centralidade da misericórdia, revelando-nos quem e como é Deus.”
(Leitor 2:)
Se não houver Comunidades Cristãs onde possamos contemplar com os olhos do coração a Boa Nova da misericórdia de Deus vivida na prática, através de uma evangelização que ponha à frente de tudo a relação com Jesus manso e humilde, quem o fará?
Lá- Sol+ Dó+ Lá-
Como é lindo ver descer pela montanha
Fá+ Sol+ Lá-
os pés do mensageiro da paz.
(Leitor 1:)
“A Igreja é chamada a dar corpo ao desejo misericordioso de Deus de salvar toda a humanidade, por meio da sua tríplice missão profética, celebrativa e social. Deus olha cada um e todos os seus filhos com misericórdia infinita, tendo uma especial predileção pelos pobres, doentes, os perdidos e pecadores, aos quais procura incessantemente e quer dar aquele mais apertado abraço que reconcilia e que salva.”
(Leitor 2:)
Se não houver Padres, Diáconos, Religiosos e Leigos que deixem casa, pai e mãe para se entregar inteiramente ao serviço da Igreja de Cristo através de uma vivência radical dos valores evangélicos, no Sacerdócio, na Vida Consagrada e no Matrimónio, quem o fará?
Como é lindo…
(Leitor 1:)
“A vocação sacerdotal nasce do coração misericordioso de Deus, que olha para os seus filhos e escolhe alguns para que sacramentalmente sejam configurados com Jesus Cristo, Pastor e Cabeça da Igreja. Os Evangelhos mostram-nos Jesus a passar pelos mais variados lugares onde se desenvolve a vida humana, olhando com predileção para alguns, escolhendo-os e chamando-os, como aconteceu com a vocação de Mateus.”
(Leitor 2:)
Se não houver animadores vocacionais que tenha a coragem de sair de sua casa, passando pelos ambientes e caminhos onde moram e viajam os jovens de hoje, levando-lhes um testemunho credível de um seguimento alegre de Jesus Cristo, quem o fará?
Como é lindo…
(Leitor 1:)
“O sacerdote é fruto do olhar misericordioso de Jesus, que quer salvar a todos. Não se trata de alguém perfeito, irrepreensível e santo, mas de alguém para quem o Senhor olhou com misericórdia, sem explicação nem motivação compreensíveis.”
(Leitor 2:)
Se não houver Padres que sejam referência de quem já se entregou inteiramente a Jesus Cristo, Cabeça e Pastor da Igreja, exemplo de uma configuração cada vez mais real e feliz com Ele, deixando-se olhar pela sua misericórdia que não deixa nenhum dos seus sentir-se sozinho na missão, quem o fará?
Como é lindo…
(Leitor 1:)
“Os seminaristas, desejosos de conhecer o mistério da sua vocação, entrem no mistério do amor de Deus pela humanidade e por si mesmos, sintam-se sinceramente pecadores e doentes como todos os outros homens, e darão infinitas graças a Deus por os eleger e chamar a partilhar a grandeza da Sua companhia.”
(Leitor 2:)
Se não houver jovens rapazes que se primeireiem a entrar para a comunidade do Seminário, deixando-se guiar por diversas etapas formativas, para dar testemunho de que Jesus não chama os melhores, mas capacita os que chama com a transformação do coração e da inteligência através da sua sábia misericórdia, quem o fará?
Como é lindo…
(Leitor 1:)
“Aos jovens convidamos a entrar na contemplação do rosto misericordioso de Deus que os escolhe e os chama. Aceitando humildemente a sua condição de pecadores e necessitados da misericórdia de Deus, muitos sentirão o apelo a andar com o Senhor e a aprender d’Ele, conhecerão a vocação a que os chama e terão alegria e coragem para a seguir fielmente.”
(Leitor 2:)
Se não houver jovens cristãos que, individualmente ou em grupo, queiram aprofundar a fé em Deus através de uma experiência de conversão que transforma a existência a ponto de suscitar uma entrega generosa e pura, quem o fará?
Como é lindo…
II Cântico evangélico (Magnificat):
Lc 1,46-55
A minha alma glorifica ao Senhor *
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: *
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada
todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração *
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço *
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos *
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens *
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo, *
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais, *
a Abraão e à sua descendência para sempre.
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo, *
como era no princípio,
agora e sempre. Ámen.
4. Mexe-te
A mensagem de Fátima não é só uma exortação à penitência, nem a uma penitência vazia e em vão. Se Maria propôs sacrifícios aos pastorinhos, foi para nos ajudar a reparar as atitudes que ofenderam o Sagrado Coração de Jesus.
A partir do Santuário de Fátima, vemos como, ao longo dos tempos que se seguiram às Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos, a vida de milhares de peregrinos é marcada pela abertura a Deus e pela prática do Evangelho, ainda que gradualmente e através de atitudes simples.
Propomos aos jovens que participarem neste encontro formativo que se organizem com criatividade no sentido de fazer algumas obras de misericórdia em conjunto. Sugestões:
· Elencar situações concretas no círculo de vizinhanças que denotem carências;
· Encontrar formas concretas de ajudar, calendarizando;
· Rezar antes e depois das obras realizadas (por exemplo o Terço, etc.).
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ANEXO